Prescrição de medicamentos potencialmente inapropriados para idosos segundo os Critérios de Beers: revisão sistemática

Abstract

Resumo Objetivou-se realizar uma revisão sistemática para identificar e avaliar a prevalência da prescrição de medicamentos potencialmente inapropriados (MPI), segundo os Critérios de Beers, em idosos hospitalizados com ≥65 anos. Foram consultadas cinco bases de dados: BVS, Cochrane Library, CINAHL, MEDLINE e Web of Science. Foram identificados 19 artigos, selecionados a partir de critérios de elegibilidade. A média de idade foi 78,2 anos e o critério mais utilizado para a identificação dos MPI para idosos foi o de Beers 2015 (57,9%). Um total de 221.879 idosos recebeu prescrição inapropriada, a prevalência média foi de 65.0%, com destaque para o sistema gastrointestinal (15,3%) e os inibidores da bomba de prótons (27,7%) como a principal classe de medicamento prescrita. Conclui-se que os Critérios de Beers possibilitaram a identificação da alta prevalência na prescrição dos MPI. Os resultados desta revisão poderão auxiliar na tomada de decisão dos profissionais de saúde, no intuito de se evitar a administração dos MPI e propor melhores práticas que garantam a segurança do idoso hospitalizado.

Prescrição de medicamentos para idosos: indicadores de qualidade, seus instrumentos e medidas como estratégias indispensáveis no sistema de saúde

“…Os critérios implícitos são específicos e avaliam a qualidade/adequação da prescrição segundo o julgamento clínico profissional para um paciente individualmente, tendo em conta as práticas mais apropriadas nas revisões de literatura médica. São demorados e dependentes de conhecimentos e atitudes profissionais, demonstrando baixa confiabilidade; os critérios explícitos, são os mais utilizados e aceitos pela comunidade científica e envolvem a opinião de especialistas e técnicas de consenso, como o método Delphi 5 na sua elaboraçãona maioria das vezes esses métodos são orientados pelo medicamento ou condição clínica, podendo ser aplicados com pouca ou nenhuma avaliação clínica, utilizando somente dados da prescrição ou associados aos dados clínicos, sendo inclusive proveitosos na avaliação de grandes bancos de dados (Willcox, et al, 1994;Galvão & Ferreira, 2006;Spinewine et al, 2007;Scott & Jayathissa, 2010;Costa & Pedroso, 2011;Freitas & Reis, 2018;Lucchetti, & Lucchetti, 2017;Marques & Freitas, 2018;Praxedes, et al, 2021).…”

“…Porém, estudos evidenciaram que as utilizações desses critérios resultam em menor IM potencial e menor risco de RAM graves Scott & Jayathissa, 2010;Dimitrow et al, 2011;Freitas & Reis, 2018;Marques & Freitas, 2018;Praxedes, et al, 2021).…”

“…O uso está associado com o sexo feminino, idade avançada e com o número de drogas prescritas (polifarmácia), depressão, insuficiência cardíaca e incapacidade funcional; e, a presença, na prescrição, de ao menos um medicamento inapropriado, dobra o risco de desencadeamento de RAM. Os MPII têm alta prevalência também na Europa e nos EUA, e dentre as especialidades médicas que mais prescrevem os medicamentos considerados inadequados, sobressai a cardiologia (48%), contrapondo a geriatria que apresenta uma menor taxa (24%) dentre as prescrições inadequadas (Gallagher, et al, 2008;Rothberg, et al, 2008;Guaraldo, et al, 2011;Praxedes, et al, 2021).…”

“…O uso desses critérios tende a aprimorar a prescrição medicamentosa nos idosos, garantindo qualidade e segurança. No entanto, nenhum critério que avalia se os medicamentos são inapropriados deve ser empregado como uma lista proibitiva de medicamentos, mas deve ser aproveitado de forma que auxilie o monitoramento de eventos adversos e iatrogênias, e forneça uma terapia medicamentosa mais segura (Oliveira, et al, 2016;Freitas & Reis, 2018;Praxedes, et al, 2021).…”

“…O envelhecer é uma realidade brasileira, contudo esse envelhecimento vêm sendo acompanhado de uma elevada prevalência de doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) e consequentemente, um aumento na utilização de medicamentos de forma contínua, apresentando uma combinação que produz um aumento na demanda por serviços de saúde, principalmente, os vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS); uma vez que implicam tratamentos mais prolongados, onerosos, com recuperação vagarosa e complexa, muitas vezes exigindo procedimentos de custos elevados e que envolvam tecnologias avançadas (Ramos, 2003;Marengoni, et al, 2011;Vasconcelos & Gomes, 2012;Veras, 2009;Veras & Oliveira, 2018;Malta, et al, 2017;Praxedes, et al, 2021;Mercadante, et al,2021).…”