OBJETIVO: Estimar a soroprevalência de anticorpos do vírus SARS-CoV-2 em escolares de quatro a 14 anos de idade residentes no município de São Paulo, segundo variáveis clínicas, demográficas, epidemiológicas e sociais, durante o período de fechamento das escolas como medida de controle da covid-19. MÉTODOS: Realizou-se um inquérito sorológico em setembro de 2020 com amostra aleatória estratificada por tipo de rede de ensino (pública municipal, pública estadual e privada). Foi coletada amostra de sangue venoso utilizando-se o teste de imunoensaio de fluxo lateral da fabricante Wondfo para detecção de anticorpos totais contra o vírus SARS-CoV-2. Aplicaram-se questionários semiestruturados para o levantamento de dados clínicos, demográficos, sociais e epidemiológicos. RESULTADOS: A soroprevalência de anticorpos do vírus SARS-CoV-2 em escolares foi de 16,6% (IC95% 15,4–17,8). O estudo encontrou soroprevalências mais elevadas na rede pública municipal (18,5%; IC95% 16,6–20,6) e estadual (16,2%; IC95% 14,4–18,2) em relação à rede privada (11,7; IC95% 10,0–13,7) e entre escolares da raça/cor preta e parda (18,4%; IC95% 16,8–20,2) e no estrato social mais vulnerável (18,5%; IC95% 16,9–20,2). A pesquisa identificou menores soroprevalências nos escolares que relataram seguir as medidas recomendadas de proteção contra a covid-19. CONCLUSÃO: A soroprevalência de anticorpos contra o vírus SARS-CoV-2 atinge principalmente os escolares socialmente mais vulneráveis. Este estudo pode contribuir para embasar políticas públicas que reforcem a importância da suspensão das aulas presenciais e da necessidade de estratégias de medidas de proteção e acompanhamento do status sorológico daqueles que ainda não foram contemplados no calendário vacinal.