A febre maculosa brasileira (FMB) é uma rickettsiose de alta letalidade no Brasil e tem-se observado um processo de urbanização em diferentes regiões do país. Nesse contexto, este estudo analisou o histórico de casos e as ações adotadas pelas autoridades de saúde para o enfrentamento da FMB em um município endêmico do estado de Minas Gerais. Foram mapeados os prováveis focos de infeção (LPI), onde residiam os casos confirmados e, por meio de observações diretas ou armadilhas fotográficas, foram identificados os animais que mantêm a população do vetor. A maioria dos casos confirmados foi registrada em bairros que margeiam o principal rio da cidade. As capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris), hospedeiras do A. sculptum e principal vetor da FMB, foram encontradas nas margens desse rio. As medidas tomadas pelas autoridades sanitárias, apesar dos regulamentos oficiais, foram incompletas. Várias notificações não apresentavam o LPI, nem informações sobre o contacto do paciente com animais sentinelas. Não foi observado nenhum manejo de fauna ou recuperação de matas ciliares. Dessa forma, a presença de cursos d'água no limite urbano, de animais sentinelas, a falta de planejamento urbano e ambiental, bem como ações parciais de controle da doença, permitiram a urbanização a manutenção da FMB na área avaliada.