Alterações oculares na hanseníase, observadas em pacientes ambulatoriais do serviço de referência da cidade de Rio Branco, Acre -Brasil Objetivo: Determinar a prevalência das alterações oculares em pacientes de hanseníase ativa ou inativa, acompanhados em serviço de referência. Métodos: O estudo transversal constou de exame ocular e levantamento de dados demográficos e clínico-epidemiológicos, em serviço de referên-cia da cidade de Rio Branco (Acre), no período de outubro de 2001 a abril de 2002. Resultados: Foram examinados 254 pacientes, com média de idade de 41,9 anos; 70,1% do sexo masculino e 29,9% do feminino; 73,6% residentes da área urbana e 76,8% de formas multi e 23,2% de paucibacilares. Anormalidades de anexos oculares foram descritas em 49,6% (n=126) dos casos e do globo ocular em 39,4% (n=100) dos casos, sendo as mais freqüentes: hipoestesia corneana, catarata, madarose, manchas hipercrô-micas, hipolacrimejamento e ceratite ponteada. As lesões oculares (74,4%) tiveram freqüências desiguais (ρ<0,0001), predominando entre aqueles com mais de 40 anos de idade (48,4% versus 26,0% nos de 40 anos ou menos), nos casos multibacilares (76,8% versus 23,2%), e nas pessoas com mais de cinco anos de duração da hanseníase (ρ<0,001). As alterações de globo ocular foram mais observadas em pacientes com tratamento específico concluído (ρ<0,05). Conclusões: A freqüência da morbidade ocular na hanseníase, em quase três quartos (74,4%) dos casos, foi semelhante à descrita na literatura para pacientes ambulatoriais de serviço de referên-cia, e foi mais prevalente nas formas multibacilares da doença e em pacientes acima de 40 anos de idade.