Introdução: As aldeias indígenas situadas próximas aos centros urbanos passam por processo acelerado de transição epidemiológica, com aumento da incidência de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Objetivos: Determinar a prevalência de DCNT em indígenas aldeados em Aracruz, no litoral norte do Espírito Santo, e comparar os dados atuais com aqueles obtidos no mesmo aldeamento em 2003-2004. Métodos: Participaram do estudo 1.084 adultos (≥20 anos, 111 não indígenas e 973 indígenas, sendo 90 da etnia guarani e 883 tupiniquins) de uma população elegível de 2.982 moradores das aldeias (participação de 36,4%). Toda a coleta de dados foi feita no Hospital Universitário (HUCAM) da Ufes, incluindo coleta de sangue e urina (jejum) e exames de antropometria, bioimpedância, pressão arterial, eletrocardiograma. Os dados são fornecidos com média ± desvio padrão ou número e porcentagem. A comparação entre proporções foi feita por Chi-quadrado e a significância estatística para p<0,05. Resultados: A média de idade foi de 41,6 ± 14,8 anos, com predomínio de mulheres (57,6%) e adultos jovens (20-39 anos, 49,9%). A prevalência de obesidade foi de 38,6% (maior em mulheres 47,8 vs 25,7%; p<0,05), hipertensão arterial de 39,5% (38% controlada com medicação) e diabetes mellitus de 13,7% (sendo a metade de diagnóstico novo). Comparado ao inquérito de 2003-4, a prevalência de obesidade aumentou 2,5 vezes e a de diabetes 3 vezes. Conclusão: A prevalência das principais DCNT é alta na população estudada sinalizando a necessidade de intervenções de prevenção e de diagnóstico mais precoces.