RESUMOOBJETIVOS. Determinar a freqüência de infecção por Chlamydia trachomatis em pacientes com e sem lesões intra-epiteliais cervicais atendidas em ambulatório especializado no Recife (2007), e sua associação com variáveis biológicas, demográficas, hábitos, características reprodutivas e clínico-ginecológicas. MÉTODOS. Realizou-se um estudo do tipo corte transversal, incluindo 70 mulheres (35 com alterações citológicas e 35 normais). Realizaram-se colposcopia, biópsia quando necessário e pesquisa para Chlamydia trachomatis por Imunofluorescência Direta. As variáveis analisadas foram idade, raça, procedência, escolaridade, estado civil, menarca, idade da primeira relação sexual, paridade, número de parceiros, corrimento, realização de citologia prévia, episódios de DST, eletrocauterização, método contraceptivo, antecedente familiar de câncer uterino, consumo alcoólico, tabagismo, drogas ilícitas e imunossupressoras, resultado da citologia e infecção cervical por Chlamydia trachomatis. Para determinação da força da associação, calculou-se a Razão de Prevalência (RP) e o intervalo de confiança 95%, realizandose análise multivariada para controle das variáveis potencialmente confundidoras. RESULTADOS. A freqüência de infecção por Chlamydia trachomatis foi significativamente maior em pacientes com alterações citológicas (80% vs. 14,3%), com uma RP de 5,60 (IC 95% = 2,44 -12,82). Analisando os fatores associados à infecção por Chlamydia , a única variável que persistiu significativamente associada após análise multivariada foi a história pregressa de DST (OR=63,47; IC 95% = 13,93 -289,09). CONCLUSÃO. A presença da Chlamydia trachomatis está associada às alterações citológicas da cérvice uterina, e a história pregressa de DST deve ser valorizada no tratamento e seguimento clínico destas pacientes.UNITERMOS: Chlamydia trachomatis. Infecções por Chlamydia. Neoplasia intra-epitelial cervical. Técnica direta de fluorescência para anticorpo. , e no Brasil não existem estudos documentando a situação global da infecção pela Chlamydia trachomatis. Estão disponí-veis apenas estudos isolados em populações específicas, mas que mostram a importância dessa infecção silenciosa em nosso meio 2,4 . Na maioria das mulheres (70% a 75%) e em mais de 50% dos homens essas infecções cursam de forma assintomática 1,3,5 . Assim, esse microorganismo pode ser considerado bem adaptado ao ser humano, uma vez que consegue multiplicar-se sem causar respostas exacerbadas do organismo, daí as dificuldades para o seu diagnóstico 2,3,5 . Esta peculiaridade retarda o tratamento, permitindo que os casos de infecção genital se propaguem ao trato genital superior, causando endometrites e salpingites 3,5,6 . Hoje, a infecção pela Chlamydia trachomatis é considerada como uma das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) mais freqüentes em todo o mundo 1,2,3,7 . Em 2005, 976.445 casos de infecção genital por Chlamydia trachomatis foram relatados ao Centers for Disease Control and Prevention (CDC) nos EUA, correspondendo a uma taxa de 332.5 casos por 100.000 h...