Com o objetivo de avaliar a prevalência de tabagismo em Porto Alegre, RS, Brasil, e os fatores associados, executouse estudo observacional, de delineamento transversal e base populacional. Através de amostragem aleatória proporcional, por estágios múltiplos e conglomerados, selecionaram-se 1.091 indivíduos, a partir de 18 anos, que responderam a um questionário, em entrevista domiciliar. Aferiu-se o hábito de fumar através de perguntas dirigidas ao tipo de fumo, freqüência e tempo de exposição. A prevalência foi de 34,9% (IC 31,9 -37,8), sendo de 41,5% (IC 38,5 -44,4) entre os homens e 29,5% (IC 26,,2) entre as mulheres. O início foi, em média, aos 16 (±5,6) e 17,8 (±6,7) anos, com moda de 15 e 14 anos, respectivamente. Os homens fumavam 19,0 ± 14,0 cigarros por dia e as mulheres 14,5 ± 10,3. Analisaram-se as associações através de regressão logística, incluindo-se no modelo sexo, idade, educação, renda, qualificação profissional e consumo de álcool. O hábito de fumar foi mais freqüente entre os homens, indivíduos de menor nível socioeconômico, dos 30 aos 39 anos, e entre os usuários de bebidas alcoólicas. Conclui-se que o tabagismo é freqüente em Porto Alegre, constituindo-se problema de saúde pública similar ao referido pela literatura. O consumo de álcool deve estar associado ao fumo por serem ambos comportamentos de risco, com determinantes comuns.
Fumo, epidemiologia. Fatores de risco.
IntroduçãoO tabaco é empregado nas Américas há milhares de anos, sob diversas formas e com propósitos culturais e sociais. Nas sociedades indígenas sulamericanas é parte essencial de ritos religiosos e elemento básico para os chefes espirituais, como mecanismo para exercer sua autoridade e conservar a credibilidade. Os exploradores europeus tiveram seu primeiro contato com o tabaco nas Antilhas, quando os nativos ofereceram as folhas da planta a Cristó-vão Colombo. Diferentemente dos efeitos tóxi-cos e organolépticos buscados pelos índios, o consumo do tabaco objetiva, nas sociedades modernas da América Latina, cada vez mais o prazer social decorrente de seus efeitos estimulantes, com a instalação da dependência a longo prazo e as conseqüências crônicas para saúde 9 . Desde o início do século, a produção de cigarros no Brasil se inseriu em uma linha de produção industrial, com o estímulo do mercado consumidor. Em decorrência, o hábito de fumar associou-se a um padrão de vida mais elevado, difundindo-o amplamente 8 . O fumo é importante causa de perda de saúde. Está associado ao desenvolvimento de doenças respiratórias, cardiovasculares e *Pesquisa