A torção esplênica em cães é uma condição rara, caracterizada pela rotação do baço em torno dos ligamentos gastroesplênico e frenoesplênico. A condição é frequentemente associada à dilatação e vólvulo gástrico, mas também pode ocorrer de forma isolada tendo maior incidência em cães de grande porte. O diagnóstico baseia-se no histórico do animal, exames físicos, laboratoriais e complementares, como achados ultrassonográficos e o diagnóstico definitivo está condicionado à laparotomia exploratória. O presente estudo relata o caso de torção esplênica isolada em um cão da raça Fila Brasileiro, de nove anos de idade, adulto, macho, com 47,7 kg, apresentando vômito e anorexia. No exame ultrassonográfico o baço se apresentava acentuadamente aumentado, ocupando grande parte da cavidade abdominal e impedindo a visualização de outros órgãos. Estava difusamente hipoecóico com ecotextura rendilhada e característica de infarto/necrose. Na avaliação Doppler colorida se observou ausência de fluxo sanguíneo no parênquima esplênico, sinais sugestivos para torção e infarto. Tendo em vista a resolução do quadro, utilizou-se da técnica de celiotomia mediana pré-umbilical para a exploração da cavidade abdominal e, durante o procedimento, foi confirmado o quadro de torção do baço em torno de seu pedículo vascular, caracterizando a torção esplênica primária. O órgão estava gravemente aumentado e com coloração escura. O órgão retirado foi submetido ao exame anatomopatológico, que identificou intensa necrose esplênica associada a congestão e hemossiderose moderada. Após 11 dias, o animal retornou à clínica para reavaliação, onde apresentou-se estável. Acredita-se que o grande porte da raça Filla Brasileiro e o quadro de hemoparasitose tenham atuado como fatores predisponentes para o desenvolvimento da TEP pelo animal do presente relato.