Apresentamos dois experimentos que investigam os efeitos de priming estrutural no processamento de frases na voz passiva em português brasileiro. No experimento 1, 22 participantes leram 120 sentenças experimentais e 120 distratoras, divididas em duas condições: experimental, com repetição da estrutura alvo e repetição lexical do verbo principal entre sentença prime e sentença alvo, e controle, sem repetição estrutural, mas com repetição lexical do verbo entre sentenças prime e alvo. Os resultados mostram que a repetição da estrutura sintática da voz passiva e do verbo principal facilitaram o processamento do verbo da sentença alvo da condição experimental em comparação com a condição controle. No experimento 2, 38 participantes leram 160 sentenças experimentais e 160 distratoras, também divididas em duas condições: experimental, com repetição estrutural, mas sem lexical, e controle, sem repetição estrutural, nem lexical. Os resultados mostram que a repetição da estrutura sintática da voz passiva não facilitou o processamento do verbo da sentença alvo da condição experimental em comparação com a condição controle. Assim, a detecção de efeitos de priming somente no experimento 1 parece indicar que, ao menos para esta amostra de falantes adultos nativos de português, os efeitos de priming estrutural na compreensão são dependentes da repetição lexical.