A fala privada no desenvolvimento de tarefas colaborativas em inglêsPrivate speech in the development of collaborative tasks in English RESUMO -A pesquisa sobre aquisição de segunda língua/língua estrangeira orientada por princípios da teoria sociocultural revela a necessidade de estudos que investiguem o uso da fala privada por estudantes adultos na realização de tarefas colaborativas. Este artigo tem como objetivo discutir o papel da fala privada na aprendizagem de inglês como língua estrangeira, a partir da análise de seu uso por aprendizes adultos engajados em uma tarefa colaborativa no Brasil. A análise dos dados sugere que a fala privada mediou a busca por autorregulação na realização da tarefa, quando a natureza do diálogo foi colaborativa, promovendo ocasiões de aprendizagem. Na busca de domínio de uma nova língua, observou-se que os aprendizes adultos produziram fala privada em língua materna na testagem de soluções para falhas evidenciadas na produção em língua estrangeira. Outra estratégia utilizada foi a repetição para a seleção de palavras ou estruturas para a sua análise, para a busca lexical, para manter a concentração e prosseguir a produção por partes, facilitando, assim, o desempenho dos aprendizes. Os dados sugerem também que, quando o nível de profi ciência estava aquém do que a tarefa exigia, a fala privada sozinha não foi sufi ciente para atingir sucesso na tarefa, servindo como meio de perceber as lacunas do conhecimento linguístico.Palavras-chave: fala privada, diálogo colaborativo, língua estrangeira.
IntroduçãoO presente artigo discute o papel da fala privada para a aprendizagem de inglês como língua estrangeira em tarefas colaborativas. Para tanto, parte-se da exploração teórica de princípios socioculturais vygotskianos na pesquisa de aquisição de segunda língua (SL)/língua estrangeira (LE), discutindo-se conceitos-chave, tais como zona de desenvolvimento proximal, andaimento, trabalho colaborativo e fala privada, que serviram de base para a exploração do tema.A motivação para esse estudo surgiu do trabalho de Lima e Pinho (2007) sobre a fala privada na produção colaborativa de inglês como LE no contexto brasileiro. Os dados do estudo do diálogo colaborativo mostraram não só a negociação e a co-construção de soluções para problemas linguísticos e comunicativos, mas também o uso de fala privada para a busca de autorregulação sobre a tarefa de produzir sentido, quando os aprendizes colocaram em xeque seus conhecimentos e tentaram solucionar as suas defi ciências. Os resultados desse estudo apontaram a necessidade de uma análise mais aprofundada da natureza e da função da fala privada para a realização de trabalhos colaborativos sem a presença do professor.Como a literatura atualizada sobre o uso da fala privada por adultos é escassa tanto no exterior como no Brasil (ver Smith, 2007;Ferreira, 2000), sendo que a maioria dos estudos se dá em SL e com crianças (ver Vygotsky, 1987; Diaz e Berk, 1992;Azmitia, 1992;Saville-Troike, 1988;Winsler et al., 2000), percebe-se, como apontam Lantolf e ...