As queixas de Dificuldades de Aprendizagem (DA) têm sido recorrentes na educação básica, e o número de crianças com distúrbios do neurodesenvolvimento em sala de aula tem aumentado significativamente. Assim, o objetivo deste estudo foi analisar os preditores cognitivos, pessoais e comportamentais das DAs, bem como a prevalência de Deficiência Intelectual (DI) na população estudada. Foram pesquisadas 84 crianças e adolescentes com idade entre 8 e 14 anos, atendidas na divisão de neuropediatria do Hospital da Santa Casa de São Paulo, com diagnóstico de Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH), Deficiência Intelectual (DI), Transtorno Específico da Aprendizagem (TEAp), Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), Transtorno Específico da Linguagem (TEL). Os instrumentos utilizados foram o questionário sociodemográfico; WISC-IV; BPA; FDT; RAVLT; TDE e a Figura Complexa de Rey, abrangendo 29 variáveis cognitivas e 13 variáveis pessoal e comportamental. Os resultados obtidos mostram que pela análise de regressão logística univariada, foram preditores de pior desempenho escolar, prematuridade (p:0,056), agressividade (p:0,061), agitação (p:0,034) e o desinteresse pela escola (p:0,005). Este último consolidou-se como forte preditor para DAs no modelo final. Na esfera cognitiva, além do QI ser preditivo para o pior desempenho escolar (p:0,051), mostraram-se preditores os domínios de atenção (0,052), aquisição da informação auditiva (p: 0,090), armazenamento da informação visual (p:0,093), compreensão de regras e normas sociais (p:0,034), manipulação mental (0,064), abstração (p:0,022), flexibilidade mental (p:0,044), raciocínio verbal (p: 0,045), perceptual (p:0,035), velocidade de processamento grafomotor (p:0,06) e cognitivo (p: 0,026). Os dois últimos, juntamente com a atenção, mantiveram-se no modelo final como preditores de pior desempenho escolar. Evidenciou-se percentual elevado de DI leve (29,6%) na população do estudo. Conclui-se que a deficiência intelectual continua a ser subdiagnosticada entre os alunos da educação básica. As crianças com distúrbios do neurodesenvolvimento apresentam graves dificuldades de aprendizagem, com preditores tanto cognitivo, quanto pessoal e comportamental interferindo no seu desenvolvimento escolar.