INTRODUÇÃOQuando da realização de gastrectomia total, a maneira mais comum de reconstituição do trânsito do sistema digestivo, é através de anastomose esôfago-jejunal término-lateral, em "Y de Roux"1 . Pelo fato da gastrectomia total ser indicada em pacientes graves, essa anastomose é crítica, e envolve elevados índices de morbimortalidade, associada a prévia condição clínica 2 . Qualquer que seja a técnica adotada, manual ou mecânica, essa anastomose apresenta elevados índices de complicações: estenose ou fístula; além do grande tempo consumido em sua execução, associado a dificuldade e desconforto da realização, por ser em local profundo e de difícil acesso.Esta nota prévia tem o objetivo de apresentar variedade técnica desta anastomose 3 , cujo mérito será a de sua fácil realização, associada a mínima possibilidade de estenose ou fístula, além da maior rapidez, segurança, perfeita visualização e diminuição do custo operacional.
TÉCNICA CIRÚRGICAUma vez realizados todos os procedimentos cirúrgicos padronizados numa gastrectomia total, repara-se o futuro coto esofágico, antes da secção do esôfago com o estômago. É de fundamental importância, a certeza da não invasão tumoral da margem esofágica. Caso seja necessário, deverá se recorrer a cortes de congelação, para se ter essa garantia e segurança.Como pré-requisito, abre-se o hiato esofágico em direção à porção posterior do mediastino. O coto esofágico será individualizado e mobilizado numa extensão de 4 a 5 centímetros. Essa mobilização deverá ser ampliada, quando houver invasão da neoplasia no esôfago.A primeira alça jejunal, depois do ligamento suspensor do duodeno (ângulo de Treitz), é preparada de maneira convencional para o "Y de Roux". Essa alça com sua "bôca" distal fechada, por dois planos de sutura, será levada em direção cranial e em posição posterior ao coto esofágico, sendo então fixada com um ou dois pontos na parede posterior do esôfago, 5 a 6 centímetros da margem livre da "bôca" esofágica.A seguir, realiza-se abertura, de todas as túnicas intestinais, na zona correspondente a margem contra mesenterial, logo abaixo do nível da margem livre da "bôca" esofágica. Esta abertura deverá ter extensão suficiente para a introdução, em sentido cranial, do garfo simples do grampeador linear cortante. O outro garfo do grampeador linear, dotado da alavanca de fechamento, é introduzido na luz esofágica e, após justaposição e articulação com o garfo colocado no delgado, é então disparado (Figura-1).