Este estudo tem como objetivo analisar a importância de uma hipótese de funcionamento de linguagem, considerando as relações forma/sentido e os mecanismos e estratégias enunciativas na análise da linguagem de dois sujeitos com distúrbio de linguagem e risco ao desenvolvimento. Dois sujeitos e seus familiares foram acompanhados do primeiro ao décimo oitavo mês de idade, por meio dos Índices de Risco ao Desenvolvimento Infantil. Entre 21 e 24 meses, foram filmados com familiares (mãe, pai, irmão) e com a pesquisadora, em situação lúdica, de modo similar ao que acontece em casa. As filmagens foram analisadas e transcritas ortograficamente e analisadas por meio dos mecanismos e estratégias enunciativas, da relação forma/sentido, buscando-se identificar o funcionamento de linguagem. Enquanto um dos sujeitos evidenciou maiores possibilidades de realização vocal, mas com mecanismos e estratégias enunciativas restritas, o outro apresentou quase ausência de fala, induzindo o adulto a falar por ele. Houve diferenças no funcionamento de linguagem, nos recursos para relacionar forma e sentido, bem como no uso de mecanismos e estratégias enunciativas entre ambos sujeitos, o que demonstra a necessidade de identificar uma hipótese de funcionamento de linguagem no processo de avaliação da linguagem infantil.