A coleta seletiva de resíduos sólidos urbanos tem se destacado na agenda de discussões ambientais na medida em que aumenta a produção desses resíduos em função de fatores como: aumento populacional, acelerado processo de urbanização, mudanças tecnológicas e melhoria das condições socioeconômicas da sociedade. A realização desse serviço tem envolvido diversos atores, com destaque para o poder público municipal, catadores de materiais recicláveis e, em alguns casos, empresas de prestação de serviço de coleta de lixo. Em um contexto de transformações do papel do Estado, principalmente, no que se refere a uma maior abertura para dialogar com a sociedade, a solução para questões sociais-como a implantação de um programa de coleta seletiva-está relacionada ao estabelecimento de parcerias entre atores dos diferentes setores da sociedade, quais sejam: primeiro setor (estado), segundo setor (empresas) e terceiro setor (organizações da sociedade civil). É nesse contexto que se insere este trabalho, o qual tem o objetivo de analisar o alinhamento entre as propostas das organizações de catadores de materiais recicláveis e as propostas dos demais integrantes que compõem a parceria institucionalizada da coleta seletiva de Uberlândia/MG relativas à consecução dessa atividade. Para tanto, utilizei métodos de análise de documentos, entrevista e, principalmente, a técnica do shadowing, no intuito de compreender, sob a perspectiva de cada ator, seus objetivos quanto ao serviço a ser realizado, buscando identificar os consensos/dissensos existentes entre os objetivos das organizações de catadores de materiais recicláveis e os demais integrantes. Como resultado da pesquisa, identifiquei um considerável alinhamento entre as propostas das organizações de catadores estudadas, ACOPPPMAR e CORU, com a legislação municipal relacionada à gestão dos resíduos sólidos urbanos e à coleta seletiva. Já em relação aos demais parceiros, a Limpebras e a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos da Prefeitura de Uberlândia, notei um alinhamento entre as propostas de ambas, porém, um desalinhamento com as propostas das organizações de catadores analisadas. A entrada em vigor, no final do ano de 2016, da Lei Municipal 12.504/2016, a qual tem a pretensão de favorecer o desenvolvimento das organizações de catadores participantes do programa municipal de coleta seletiva e do próprio programa em si, tem potencial para promover um alinhamento maior entre as organizações de catadores e a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos. No entanto, constatei que a efetivação dessa lei, e o próprio alinhamento das propostas dos parceiros do programa municipal de coleta seletiva, dependerá da conscientização, convencimento e envolvimento de todos esses atores quanto às responsabilidades impostas por ela aos respectivos integrantes da parceria.