O presente artigo objetivou discorrer sobre o real papel da tecnologia no bem-estar dos animais de fazenda. Neste sentido, as modernas técnicas de biotecnologia para fins de produtos substitutos àqueles de origem animal ou mesmo livres do abate, as fazendas inteligentes e, por final, as pesquisas científicas de engenharia genética nesta categoria de animais explorados para alimentação foram analisadas. A metodologia versada fora uma pesquisa teórica. Amparadas no binômio aumento de produtividade e melhora do bem-estar animal, as tecnologias abordadas, ainda relativamente incipientes, apresentaram-se dúbias quanto à elevação da produtividade e seguramente, contrapostas ao bem-estar animal. Excepcionadas as alternativas veganas à carne, leite, ovos e mel, verdade é que, a tecnologia implicou em piora do bem-estar animal, inclusive, em virtude da inquestionável continuidade da pecuária intensiva e do desrespeito aos direitos dos animais. A tecnologia igualmente não respondeu em definitivo outras questões secundárias postas como preservação ambiental e fazendas inteligentes, saúde humana e animais transgênicos, patenteamento da vida, Justiça Social etc. Nesta quadra aliás, nenhuma outra ameaça à proteção animal expressa-se tão perigosa quanto à engenharia genética que pretende projetar animais sem dor, insensíveis e não sencientes para uso na pecuária. Com discurso equívoco que, afinal, reconhece a senciência dos animais de produção para então, sem qualquer prévio e abrangente debate ético, visar sua modificação genética em coisa insensível, intenciona manter a exploração dos animais para consumo humano, convencendo, mais uma vez, a opinião pública de que os animais não sofrem. Para além da imoralidade de uma tecnologia manejada para empobrecimento de seres dignos e sencientes, resta, entretanto, intrincado posicionamento para a defesa animal pautada no sofrimento animal como um dos seus capitais argumentos. Assim, a tecnologia impõe originais desafios a serem enfrentados urgentemente pelo Direito Animal.