Neste artigo, compartilhamos reflexões sobre o modo como o criancismo nos permitiu navegar por pressupostos teóricos que moldam nosso campo e desenvolver novas posições e práticas de pesquisa que fomentam as interdependências entre crianças e adultos. Justyna Deszcz-Tryhubczak confiou no criancismo como uma estrutura para a introdução da pesquisa participativa com jovens leitores como forma de promover a colaboração criança-adulto. Já Macarena García-González utilizou o criancismo para pensar o adultismo e suas analogias com o sexismo. Embora elas ofereçamuma crítica ao criancismo como um conceito essencializante, também mostram como, ele serviu como uma porta de entrada para outras abordagens e, especialmente, para entendimentos pós-antropocêntricos tanto dos textos, leitores e mundo quanto dos nossos engajamentos críticos. Finalmente, argumentam que o criancismo pode continuar sendo um ponto de partida produtivo para novas aberturas na literatura infantil e juvenil, nos estudos da cultura e nos estudos da infância, se ele se tornar uma noção plural e “desordenada” que questiona o discurso de esperança por um futuro melhor como definidor da vida das crianças.