No atual cenário marcado pelo neoliberalismo, pela informalidade do trabalho e pela precarização das condições de vida da classe trabalhadora, vemos que a mulher é quem sofre as consequências mais graves desses processos. Sua inserção subsidiária no mercado de trabalho e a responsabilização majoritária pela esfera da reprodução social carregam impactos significativos da conjuntura atual. Para compreender a posição da mulher em nossa sociedade, buscamos analisar sua funcionalidade para a manutenção do modo de produção capitalista. Partimos do entendimento da questão social fundante nesse sistema e do resgate do debate em torno de como se configuram as classes sociais atualmente para discutir a consubstancialidade das categorias de classe, raça e sexo, imbricadas na realidade objetiva. Reafirmando essa opção teórica, discorre-se sobre as correntes teóricas hegemônicas que procuram desarticular essa compreensão, de maneira a descentralizar a classe. Discorre-se sobre a relação entre capitalismo, racismo e patriarcado, retomando os fenômenos que são base material da situação concreta das mulheres: reprodução social e divisão sexual do trabalho. Na esteira dessa discussão, elabora-se sobre a formação social brasileira e as transformações ocorridas no padrão de produção, especialmente a partir dos anos 1970, com o advento do neoliberalismo, para ilustrar o trabalho feminino na realidade nacional. Reúne-se trabalhos que demonstram como a inserção da mulher na esfera produtiva ocorre, e em quais circunstâncias e condições.