PROFISSÃO E ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL Desigualdades nas trajetórias de médicos e enfermeiros no Brasil atual

Abstract

O artigo tem por objetivo analisar as desigualdades nas trajetórias profissionais de médicos e enfermeiros no Brasil atual, a partir de uma abordagem quantitativa que permitiu contrastar trajetórias representativas de diferentes posições no espaço profissional. Os dados derivam de um survey on-line aplicado em uma amostra composta por 188 médicos e 186 enfermeiros. Parte-se do pressuposto de que as trajetórias tendem a se diferenciar de acordo com recursos herdados da família de origem, o percurso de formação no ensino superior (graduação e pós-graduação), o tipo de inserção no mercado de trabalho e o estágio na carreira. A abordagem metodológica utilizou a combinação de Análise de Correspondências Múltiplas e análise de cluster. Os resultados contribuem para o entendimento de como as diferenças inter e intraprofissões tanto reproduzem quanto reforçam as desigualdades no interior do espaço profissional.

Violência Contra Profissionais De Saúde Durante a Pandemia Do Coronavírus Da Síndrome Respiratória Aguda Grave 2

“…Essa condição reforça a hegemonia dessa profissão sobre os demais trabalhadores da área da saúde e a perpetuação de um modelo de atenção médico centrado. (24) As demais profissões da saúde, mesmo com suas especificidades, habilidades e conhecimentos distintos, ainda são comparadas à prática médica, ocupando, muitas vezes, posições inferiores no que diz respeito ao prestígio e à visibilidade social. Tal fato é, ainda, influenciado pela origem social dos profissionais, uma vez que a classe médica deriva predominantemente de classes sociais mais altas e os demais profissionais de posições historicamente inferiores.…”

“…Tal fato é, ainda, influenciado pela origem social dos profissionais, uma vez que a classe médica deriva predominantemente de classes sociais mais altas e os demais profissionais de posições historicamente inferiores. (24) A história da enfermagem, por exemplo, introduz um contexto em que o cuidado era praticado como forma de caridade por mulheres que "passaram" da idade de casar e tinham um dom. A prática estava muito associada à religião e devoção, bem como a sentimentos e ações ligadas à mulher e aos cuidados simples e maternais que eram prestados e, por isso, até hoje é estigmatizada e menosprezada em decorrência dessas marcas históricas e socialmente construídas.…”

“…(25) Ademais, as profissões não médicas, e estas incluem também a enfermagem, majoritariamente são compostas por grupos minoritários e marginalizados socialmente, como mulheres, negros e população que engloba Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Travestis, Transgêneros, queer, intersexuais, assexuais e mais (LGBTQIA+). (24) As violências do tipo moral, psicológica e verbal recebem menos atenção e reconhecimento, mesmo que corriqueiramente sejam as primeiras formas de violências praticadas, no contexto pessoal ou profissional. Percebe-se que a mídia tende a reportar casos de violência considerados mais graves pela sociedade.…”