Artigo de RevisãoRESUMO O papilomavírus humano (HPV) exerce um papel central na carcinogênese do colo uterino. Em torno a ele orbitam outros fatores que influenciam direta ou indiretamente a instalação deste mecanismo no epitélio escamoso cervical. Investigações a respeito dos mecanismos de atuação e interação desses co-fatores com os elementos virais encontram-se na literatura dos últimos 20 anos. O presente artigo de revisão explora os possíveis co-fatores do HPV na gênese do carcinoma escamoso do colo uterino, levando em conta apenas os fatores cuja associação com o vírus ou câncer cervical tenha sido documentada experimentalmente, e não apenas clínica ou epidemiologicamente. Dentre os 2,6,16,34,36,40,42,47,52,55 , bem como pelo esforço recente de pesquisadores no desenvolvimento de vacinas contra este vírus, com a finalidade de prevenção deste tipo de câncer 26,30,45,52 . A partir daí, esta revisão passa a explorar os possíveis co-fatores do HPV no processo de carcinogênese, levando em conta apenas os fatores cuja a associação com o vírus ou câncer cervical tenha sido documentada experimentalmente, e não apenas clínica ou epidemiologicamente. Por não ser o objetivo desta revisão, fatores que têm sido vinculados ao HPV por estudos puramente epidemiológicos não serão abordados. Dentre eles incluem-se o início precoce da atividade sexual, multiplicidade de parceiros, baixa escolaridade e renda, multiparidade e história de doenças sexualmente transmissíveis 8 , incluindo infecção por clamídia 33,29 . O presente trabalho visa atualizar o leitor a respeito das certezas e incertezas da literatura acerca dos principais cofatores do HPV na gênese do carcinoma escamoso de colo uterino.
Fatores imunológicosVários estudos na literatura suportam a forte associação existente entre a oncogênese e progressão neoplásica relacionada ao HPV e ao sistema imunológico. Entretanto, os mecanismos exatos que disparam o gatilho de uma resposta imune eficiente contra lesões relacionadas ao HPV ainda não são conhecidos. Eles podem estar relacionados à ativação do sistema imunológico ou à composição genética do hospedeiro.Uma vez que a exposição direta das oncoproteínas do HPV a células imunocompetentes não ocorre, é concebível que o desenvolvimento de anticorpos às proteínas virais possa depender de uma infecção secundária por meio de pequenas abrasões ou soluções de continuidade do epitélio, resultando na exposição das proteínas virais a estas células. No câncer relacionado ao HPV, este mecanismo depende da ocorrência de necrose celular do tecido proliferante invasor 18 .
Resposta imune localA presença de células monomorfonucleares, principalmente células CD4 e ma-