Projeto Presença Karajá: um balanço em construção

Abstract

Este texto introduz o dossiê temático “Ritxoko é ouro!”, organizado por integrantes do Projeto Presença Karajá: cultura material, tramas e trânsitos coloniais (PPK), desenvolvido desde 2017. Tal dossiê inclui também textos de autoras que não integram a equipe do projeto, mas que de uma maneira ou de outra se aproximam de suas temáticas de pesquisa e sugerem outros desdobramentos possíveis.Na apresentação do dossiê é realizado um balanço do referido projeto, sem a pretensão de ser conclusivo, visto o mesmo encontrar-se ainda em desenvolvimento. “Ritxoko é ouro!”, título do dossiê, é uma fala da ceramista-mestra Mahuederu. Ao pronunciá-la, ela reafirma os valores simbólicos e econômicos ligados à produção das bonecas em cerâmica produzidas pelo povo Iny Karajá, cujo Registro pelo IPHAN como Patrimônio Imaterial Brasileiro completa 10 anos em 2022.

Presença Iny Karajá: Cultura material e visual das bonecas Ritxoko em museus

“…No início da pandemia Covid‐19 e antes que as aldeias Iny Karajá fossem afetadas causando várias mortes (Duarte Cândido, Dias Vial, et al., 2021; Duarte Cândido, Martins, & Vial, 2021), a equipe do projeto decidiu realizar uma campanha de financiamento coletivo para comprar equipamento de proteção contra a Covid para os indígenas. Após a divulgação inicial da campanha, representantes indígenas solicitaram materiais específicos para equipar as barreiras sanitárias nas entradas das aldeias e equipamentos para postos de saúde e hospitais de campanha improvisados quando a pandemia se espalhou para as aldeias.…”

“…8 8 A Plataforma Tainacan será utilizada para reunir as informações e dar visibilidade aos resultados do projeto. “Construída sobre software livre, a Tainacan foi desenvolvida por uma equipe de pesquisadores da Universidade Federal de Goiás em parceria com o Ministério da Cultura e o Instituto Brasileiro de Museus” (Duarte Cândido, Martins, & Vial, 2021, p. 92, tradução nossa). Nossos principais objetivos com esta ferramenta são estabelecer um canal permanente de comunicação com a sociedade que possa trabalhar colaborativamente para registrar coleções ainda não mapeadas ou informações adicionais sobre as peças apresentadas; estimular a troca de informações e a colaboração entre instituições nacionais e internacionais que tenham as coleções em estudo, e entre os povos indígenas e essas instituições; expandir o acesso de povos indígenas e não indígenas, no Brasil e no exterior, a essas coleções, que são em sua maioria não expostas no respectivas instituições; contribuir para a salvaguarda e divulgação deste importante patrimônio cultural do povo Iny no Brasil e no mundo, estimulando novos usos sociais das coleções musealizadas (Duarte Cândido, 2020).…”