A ideologia pós-moderna traz consigo uma forte tendência de indagação e incompreensão, negação e ruptura dos pressupostos epistemológicos do pensamento moderno: o ceticismo na razão e no poder emancipatório da ciência.Aos que avaliam a pós-modernidade como uma influência negativa, caracterizam o momento como de caos, ou de um mal-estar sem precedentes. As divergências e diferenças no campo social, político, religioso, científico, ambiental são traduzidos em violência e concepções maniqueístas, tornando a sociedade mais fragmentada, desintegrada, polarizada, com subdesenvolvimento moral e psíquico, marcados notadamente pelo hiperindividualismo.Hervé e Lipovetsky (p. 58, 2012) explicam que o homem da cultura-mundo na sociedade pós-moderna já não obedece a autoridades superiores e nem dispõe de lentes ou de bússola para se fazer guiar. Encontra-se descrédulo da cultura que poderia fornecê-lo o aparato simbólico permanente para a vida humana, que lhe daria sentido à experiência do mundo, da vida e da sociedade.Há, assim, um mecanismo contrário que se põe em movimento: a cultura-mundo emerge sem definir a realidade das coisas ou aquilo que virá; ela simplesmente desestrutura as que outrora eram as balizas da vida.Os conceitos de finalidade, de ideal de homem, de felicidade, de moralidade, construídos pela filosofia grega não mais se compatibilizam com o que é vivido. É demasiadamente pretensioso tentar construir uma imagem muito superior do homem -um modelo racional que jamais poderá existir. Destarte, os modelos tradicionais desaparecem, bem como os fundamentos possíveis de uma teoria ética, em um niilismo, em que todas as referências ou normas da obrigação se dissipam e os valores superiores se depreciam (Nietzsche).
Considerações finaisEm um contexto pós-moderno, onde o indivíduo é caracterizado como fragmentado, indiferente e vazio, a Universidade não pode se furtar de construir alguma forma de humanismo 34 satisfatório que dê significado à vida humana: em uma era marcada pelo esvaziamento nas relações sociais, em uma sociedade de consumo e hedonista, onde as cegueiras do conhecimento crescem em meio a tantas informações, a Universidade não pode restringir-se à transmissão do conhecimento, e nem se traduzir em um locus onde somente se busca um diploma e enquadramento no mercado de trabalho e melhores condições de salário.Se há uma nova concepção do tempo e da história, em virtude da introdução e desenvolvimento de novas tecnologias, tendo como produto um sujeito com mil facetas e sem autoconsciência unificada e integrada de si mesmo, vazio e em estado de mal-estar, cabe à Universidade intervir sobre essas novas variáveis, fomentando a leitura, o estudo e a auto reflexão através do campo filosófico, auxiliando-o para que se sinta bem, seguro e, consciente para encontrar seu verdadeiro conatus.A Universidade e seu corpo docente devem desempenhar papel ativo na formação política e cidadã do aluno, convidando à reflexão sobre o respeito à pluridiversidade e as múltiplas concepções de ideias, com trabalho consistente p...