O desenvolvimento de biomateriais poliméricos biodegradáveis com enfoque na medicina regenerativa para o tratamento de feridas, lesões da pele ou liberação controlada de fármaco tem demonstrado potencial promissor devido às características específicas desses polímeros. Com base nisso, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da reticulação com genipina em membranas de quitosana/colágeno para potencial uso como biomaterial. Para isso, o colágeno foi extraído da membrana da casca do ovo e as membranas densas de quitosana e quitosana/colágeno foram confeccionadas pelo método de evaporação do solvente. Adotou-se duas vias de reticulação por imersão em solução de genipina: a primeira utilizando uma solução alcoólica de genipina à 0,25% (G1) e a segunda com o extrato alcoólico da polpa do Jenipapo (G2). Para neutralização das membranas foi utilizada uma solução de hidróxido de amônio a 1% v/v. Todas as membranas foram submetidas a análises química, física e biológica por meio de técnicas como a Espectroscopia na Região do Infravermelho por Transformada de Fourier (FTIR), Microscopia Óptica (MO), Termogravimetria (TGA), Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC), Ensaios mecânicos de tração, Molhabilidade, Intumescimento, Biodegradação e Citotoxicidade. Na extração do colágeno, a metodologia adotada proporcionou um rendimento compatível com o descrito na literatura. As membranas confeccionadas apresentaram uma textura adequada e alteração da coloração após a reticulação. Na análise do FTIR foi possível constatar que ocorreu interação entre os materiais. Na microscopia óptica notou-se diferenças na homogeneidade, transparência e textura entre as membranas de quitosana, quitosana/colágeno e membranas reticuladas, verificando que a reticulação alterou parâmetros como espessura, rugosidade e ondulação. Através da TGA e DSC, pode-se constatar que a reticulação com G2 aumentou a resistência à temperatura das membranas de quitosana/colágeno. No ensaio de tração, verificou-se que a reticulação com genipina, assim como a presença de colágeno nas membranas proporcionaram alterações em parâmetros como resistência à tensão e taxa de deformação. Todas as membranas apresentaram características hidrofílicas, na qual a reticulação com genipina favoreceu o aumento do Grau de Intumescimento. Durante os ensaios de biodegradação foi possível observar que a presença do colágeno reduziu a velocidade de degradação do biomaterial, enquanto a reticulação com genipina acelerou. Por outro lado, o colágeno, assim como a reticulação, aumentaram a biocompatibilidade das membranas. Baseando-se nisso, pode-se concluir que a reticulação com o extrato alcoólico do jenipapo foi mais eficiente que a reticulação com genipina a 0,25%, pois conferiu melhores propriedades às membranas para potencial utilização como biomateriais na medicina regenerativa, além de ser uma alternativa com custo bastante inferior ao da utilização de genipina pura.