2010
DOI: 10.1590/s0102-37722010000300014
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Psicoterapia, dor & complexidade: construindo o contexto terapêutico

Abstract: RESUMO -O presente trabalho possui o duplo objetivo de apresentar a concepção da dor como um processo complexo e subjetivo, como também de apontar a psicoterapia como um recurso capaz de redefinir a influência do contexto que perpassa a experiência de dor. Partindo-se de três estudos de caso de pacientes com dor crônica, destacou-se a complexidade da experiência dos sujeitos, perpassada por processos culturais, biológicos, sociais, pessoais e históricos, como ainda as formas pelas quais a psicoterapia proporci… Show more

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“…Parte-se aqui do pressuposto de que a psicoterapia se constitui como campo privilegiado para que o sujeito seja resgatado em sua integralidade, o que implica em duas grandes consequên-cias: a primeira, na compreensão de que a saúde se configura como um conjunto de processos subjetivos (GONZALEZ REY, 2011), de maneira que, mesmo possuindo uma causalidade objetivamente constatada, ela se organiza como processo humano, situado na vida cotidiana das pessoas, sendo perpassada por registros sociais, históricos, culturais, familiares, espirituais, dentre outros (NEUBERN, 2010). Assim, o diagnóstico de uma doença como lúpus, por exemplo, aparece na vida de um sujeito, se configurando subjetivamente a seu histórico de maus tratos, a suas rupturas e reorganizações familiares, a sua queda de rendimento no trabalho, a sua desestabilização financeira, à alteração de sua sexualidade, à retomada de sua fé e a sua sensação de bloqueio do futuro.…”
Section: Maurício Da Silva Neubernunclassified
“…Parte-se aqui do pressuposto de que a psicoterapia se constitui como campo privilegiado para que o sujeito seja resgatado em sua integralidade, o que implica em duas grandes consequên-cias: a primeira, na compreensão de que a saúde se configura como um conjunto de processos subjetivos (GONZALEZ REY, 2011), de maneira que, mesmo possuindo uma causalidade objetivamente constatada, ela se organiza como processo humano, situado na vida cotidiana das pessoas, sendo perpassada por registros sociais, históricos, culturais, familiares, espirituais, dentre outros (NEUBERN, 2010). Assim, o diagnóstico de uma doença como lúpus, por exemplo, aparece na vida de um sujeito, se configurando subjetivamente a seu histórico de maus tratos, a suas rupturas e reorganizações familiares, a sua queda de rendimento no trabalho, a sua desestabilização financeira, à alteração de sua sexualidade, à retomada de sua fé e a sua sensação de bloqueio do futuro.…”
Section: Maurício Da Silva Neubernunclassified
“…O caso de Roberto destaca uma necessidade particular que é também encontrada em grande número de pessoas para quem as demandas de um trabalho hipnótico não se esgotam com a reconfiguração dos sistemas que compõem o esquema corporal, uma vez que remetem a questões que perpassam a auto-imagem das mesmas, como o relacionamento social, a herança familiar, a reconciliação com suas raízes culturais, a ascensão social e, principalmente, a relação com o dinheiro. Tais processos costumam entrelaçar, numa rede complexa de produção de sentidos (Neubern, 2010b), temáticas do cotidiano e dos projetos existenciais do sujeito (Binswanger, 2008;Minkowski, 2005) (Erickson & Rossi, 1979) numa perspectiva terapêutica que pudesse auxiliá-lo na reconfiguração de sentidos em torno de semelhantes temáticas. Desse modo, é possível considerar que a hipnose evoque tais experiências dentro de princípios terapêuticos muito específicos.…”
Section: Discussões Clínicasunclassified
“…Ao mesmo tempo, elas são situadas numa perspectiva de redefinição para que o sujeito as enfoque dentro de uma dimensão terapêutica, que permita que ele se relacione consigo e com os outros de uma forma distinta da paralisação habitual imposta por todo um conjunto de processos já configurados na dor crônica, que envolve inclusive dimensões culturais e sociais. Essa forma de evocação permite que tais experiências possam assumir a posição de figura em seu cenário, rompendo com o negativismo até então típico de produção de sentidos sobre si mesmo, o que consiste em consideráveis ganhos em termos terapêuticos (Neubern, 2010b;White, 2007). Assim, ao evocar a figura do menino sertanejo e pobre, o paciente o visualizou nas cenas habituais de negociação comercial do sertão, na feira ou com outros sertanejos adultos; entretanto, essa criança não apareceu como uma vítima de violência dos pais ou da injustiça social, mas, pela própria forma das sugestões, como alguém que possuía esperteza e sabedoria, recursos e habilidades que muito lhe auxiliaram em sua vida profissional e em sua ascensão social.…”
Section: Discussões Clínicasunclassified
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