RESUMOO presente trabalho propõe, por meio das noções fenomenológicas de autoimagem e esquema corporal, uma possibilidade explicativa e clínica para as relações entre hipnose e dores crônicas. Partindo de uma crítica ao teor médico e nomotético das pesquisas contemporâneas, onde pouco se concebem as questões clínicas, o trabalho enfatiza, como método, um estudo de caso de uma pessoa que se submeteu a um processo hipnoterápico e cujas dores crônicas estavam configuradas tanto em termos de esquema corporal, como de auto-imagem. O trabalho é concluído destacando que não existe uma relação linear entre tais noções e que as dores crônicas se configuram de forma singular em cada pessoa, o que exige uma atitude clínica e qualitativa para acessá-las e compreendê-las, tanto em termos de noções fenomenológicas clássicas, como tempo, espaço e materialidade vividos, como de dimensões sócio-culturais que contribuem para a produção de sentido das experiências cotidianas dos sujeitos. Palavras-chave: hipnose, dor, auto-imagem, corpo, fenomenologia.
ABSTRACTThis paper proposes phenomenological notions of self-image and body schema as an explicative and clinical possibility for the relationship between hypnosis and chronic pain. It begins with a critique of the medical and nomothetic approach taken by contemporary research that does not usually address clinical issues, and then addresses a case study where a person suffering from chronic pain related both body schema and self-image is submitted to hypnotherapy. The study concludes that there is no linear relationship between such notions and that chronic pain is uniquely configured to each person. This requires a clinical and qualitative approach to access and understand chronic pain, both in terms of classic phenomenological notions of time, space, and material experiences, as well as socio-cultural dimensions that contribute to producing feelings related to the daily experiences of the subjects.