Introdução: Altas prevalências de transtornos mentais na população e os prejuízos decorrentes que se manifestam em diversos aspectos da vida do indivíduo, tais como isolamento social, sofrimento, interrupções ou baixo rendimento na vida laboral e nos estudos, discriminação e riscos de auto e/ou heteroagressividade são preocupantes. Estima-se que em 2020, as condições crônicas, dentre elas, os distúrbios mentais, serão responsáveis por 78% da carga global de doenças nos países em desenvolvimento. Devido à complexidade dos transtornos mentais e a necessidade de contribuir para o melhor atendimento em saúde às pessoas afetadas, realizou-se o presente estudo. Objetivo: avaliar a adesão do portador de transtorno mental aos tratamentos de acompanhamento, após a alta hospitalar. Metodologia: Trata-se de estudo descritivo, transversal, baseado em dados secundários (prontuários) e primários (entrevistas) para identificar a adesão dos pacientes ao tratamento na rede extrahospitalar. Dados coletados no Hospital Santa Tereza de Ribeirão Preto, Centro de Atenção Psicossocial II, Núcleo de Saúde Mental e Ambulatório de Saúde Mental da UBS-Dr. Italo Baruffi, de maio de 2013 a junho de 2014 com acompanhamento na rede até janeiro de 2015. Para a coleta dos dados, utilizou-se 5 instrumentos: 1-Roteiro para obtenção de dados secundários da internação (HST-RP); 2-Roteiro para obtenção dos dados nos serviços extrahospitalares (SEH); 3-Roteiro para Entrevista (Serviço extra-hospitalar); 4-Roteiro de dados no segundo retorno nos serviços extra-hospitalares; 5-Teste de Morisky-Green. Variáveis sociodemográficas, clínicas e dos retornos aos serviços foram analisados. Resultados: Dos 875 egressos, 78 (25,5%) foram excluídos por bloqueio de um dos serviços da rede, sendo selecionados apenas 71 que atendiam aos critérios de inclusão do estudo. A maioria era branca, na faixa dos 40 a 49 anos, sexo masculino, solteiros, sem companheiro e nível fundamental incompleto. A maioria dos sujeitos teve internações anteriores, com prevalência dos diagnósticos F20-F29 e F30-F39. O estado mental, prevalente na alta, foi calmo, associado a outros diagnósticos e sem proposta terapêutica para o pós-alta. Quanto ao comparecimento aos retornos, nos serviços da rede extra-hospitalar, constatou-se que a maioria compareceu aos retornos agendados, entretanto, sem a correspondente adesão ao tratamento medicamentoso, segundo o Teste de Morisky-Green. A maioria dos acolhimentos, nestes serviços, foi realizada pela equipe de enfermagem. Observou-se que o atendimento não está centrado na reabilitação psicossocial, como se esperava. Discussão: Dados semelhantes têm sido relatados em outros estudos, sendo inclusive responsáveis por reinternações e reagudização dos quadros psiquiátricos. Constatou-se a valorização do tratamento medicamento em prejuízo das intervenções psicossociais na instituição hospitalar pesquisada. Apesar dos serviços extra-hospitalares terem equipes multiprofissionais, os resultados não mostram uma atenção de melhor qualidade, com enfoque na reins...