A violência pode ser entendida como uma falha do comportamento humano em respeitar os limites entre a agressão aceitável e a inaceitável. A gênese da conduta violenta é multifatorial e ainda não se encontra completamente elucidada. Os estudos estatísticos e epidemiológicos nos auxiliam a delimitar o problema e avaliar o grau com que afeta os indivíduos e a sociedade. Dados do estudo Epidemiological Catchment Area (Swanson et al. 1990), nos Estados Unidos da América, sugerem que 3,7% da população comete um ou mais atos de violência a cada ano, e a incidência de comportamento agressivo durante toda vida é de aproximadamente 24% (Bland 1986). Ainda que as autoridades daquele país relatem uma diminuição nas taxas de criminalidade, em 1996 ocorreram 19.645 assassinatos, 95.769 estupros, e 537.050 roubos, contribuindo para um total de aproximadamente 500 milhões de dólares em bens subtraídos (Federal Bureau of Investigation 1996). Nos EUA, uma mulher é sexualmente atacada a cada 45 segundos. Mais do que um terço dos americanos relatam terem assistido um homem espancar sua esposa ou namorada. Entre 1986 e 1993, o número de crianças abusadas ou negligenciadas dobrou e as seriamente feridas quadruplicou. Os assassinatos constituem-se numa importante forma de violência em locais de trabalho e é a forma de crime que 1Médico psiquiatra, doutor em clínica médica pela Pucrs, fez pós-doutorado no Maryland Center for anxiety Disorders,