IntroduçãoA embolia pulmonar submaciça (EPS) representa um subgrupo de pacientes com embolia pulmonar (EP) hemodinamicamente estáveis, mas que apresentam sinais de disfunção ventricular direita (VD) ao ecocardiograma. 1 O papel da terapia trombolítica para EPS é controverso. 1 Descrevemos um caso de EPS relacionada a trombo na câmara cardíaca direita (CCD) complicado com parada cardiorrespiratória (PCR) e óbito após a terapia fibrinolítica.
Relato do CasoPaciente do sexo feminino, de 32 anos, foi internada no serviço de emergência com dispneia, que começou repentinamente 24 horas antes da internação. A paciente relatou episódio de dor na panturrilha direita, autolimitada, 15 dias antes. Tinha histórico clínico de obesidade, tabagismo e uso de contraceptivos orais. Ao exame físico, a paciente apresentava pressão arterial de 130/70 mmHg, frequência cardíaca de 122 bpm, frequência respiratória de 38 bpm e nível de saturação de oxigênio de 88% na oximetria de pulso. A ausculta cardíaca revelou sopro sistólico regurgitante (3+/6+) na área tricúspide, desdobramento fixo de P2 na área pulmonar e terceira bulha cardíaca mais audível na região da borda esternal esquerda, sem alterações na ausculta pulmonar. Na admissão, o eletrocardiograma apresentou taquicardia sinusal com padrão S1Q3T3 (Figura 1). A radiografia de tórax e os exames laboratoriais não apresentaram alterações relevantes.A paciente desenvolveu distúrbio respiratório progressivo, sendo internada na unidade de terapia intensiva. O ecocardiograma transtorácico (ETT) mostrou aumento atrial direito (AD) e ventricular direito (VD), disfunção sistólica do VD, movimento paradoxal septal, pressão sistólica arterial pulmonar de 60 mmHg e grande trombo móvel dentro das câmaras direitas, medindo 3,9 cm x 1,0 cm (Figura 2). Devido ao diagnóstico de EPS e ao baixo risco de sangramento, optou-se pelo tratamento fibrinolítico com estreptoquinase (o único agente fibrinolítico disponível no serviço). O regime de infusão adotado foi de 250.000 UI em 30 minutos, seguido de 100.000 UI/h durante 24 horas. Embora tenha havido uma melhora clínica inicial, a paciente evoluiu para PCR em atividade elétrica sem pulso cinco horas após o início da infusão dos medicamentos, sem retorno à circulação espontânea. Discussão A EP é um distúrbio potencialmente fatal com desfecho positivo se for administrada a terapia anticoagulante. 2 Pacientes com EP podem ser divididos em três grupos de acordo com seu risco de morte ou complicação maior. 3 • EP maciça: caracterizada por hipotensão sistêmica (i.e., pressão arterial sistólica < 90 mmHg ou queda na pressão arterial sistólica de no mínimo 40 mmHg durante pelo menos 15 min não causada por arritmia) ou choque cardiogênico (manifestado pela evidência de hipoperfusão tecidual e hipóxia). 1 • EP não maciça: o diagnóstico é estabelecido pela ausência de hipotensão sistêmica e choque cardiogênico. • EP submaciça: no grupo EP não-maciça, EPS inclui pacientes com disfunção de VD (ou hipocinesia) confirmado por ecocardiografia ou pacientes com elevação d...