Poderia-se dizer que o tema deste trabalho é psicologia, ou ética, ou mesmo política. Poderia-se afirma, ainda, que o núcleo é o desejo, teoria do conhecimento, ação moral. Mas, acertadamente, poderia-se dizer que o núcleo deste trabalho é humano, demasiado humano. A dificuldade do tema não diz respeito exclusivamente à pletora de 10 Ferrari (2007), p. 177, declara: "Freud's appeal to conflict in order to distinguish parts of the soul is comparable to the account we find in Republic 4". Realmente, existe uma aproximação possível, com todos os cuidados necessários. 11 Freud (1923). O ego e o Id (partes II). Vol. XIX. Em seus primeiros trabalhos como neurologista, Freud observou os bulbos de fetos de crianças de cinco a seis meses e as transformações que ocorrem até o desenvolvimento total do órgão. Freud observa que estas mudanças cerebrais estão conectadas com o desenvolvimento posterior do ego e do superego. Cf. Santas (1988), que declara na página 168: "Freud's model is developmental or genetic, as well as structural and functional: only the Id could be called innate; the Ego is formed out of the Id by the aid of perception of the external world and by identifications, and the Super-Ego is a purely cultural product". 12 Claramente, genética aqui não quer dizer uma teoria dos genes. 13 Kahn (1987), p. 177: "I want to suggest that Plato's theory of desire has certain definite advantages both over the Humean-Davidsonian view of reason and desire and also over the Freudian conception of ego and id. Not that Plato offers a genetic account of how the divisions arise-a fact that makes it easier for him eventually to transcend the Freudian pattern".