O estudo das formações savânicas no Ceará limitou-se, por muito tempo, às superfícies sedimentares do estado. Recentemente, esse conhecimento expandiu-se, gerando o termo “savanas da caatinga” para aquelas áreas que apresentam espécies de cerrado, mas que são floristicamente mais similares à Caatinga do Cristalino. Compreender como essas áreas se relacionam é crucial para fundamentar políticas conservacionistas, cuja abrangência é limitada. Diante disso, o presente trabalho objetivou investigar a interação entre essas áreas, analisando sua distribuição, aspectos florísticos, padrões de diversidade beta e cobertura por Unidades de Conservação (UC). Para isso, foram selecionadas 11 formações savânicas, cujos dados são provenientes de expedições de campo entre abril/2012 e dezembro/2023, artigos, coleção de herbários e bancos de dados especializados (Flora e Funga do Brasil, SpeciesLink e Global Biodiversity Information Facility). As análises revelaram dois grupos distintos, com índices de similaridade abaixo de 40%, o que indica alta diversidade beta. Destaca-se a presença de Qualea parviflora como a espécie mais frequente, presente em oito áreas, assim como táxons inéditos para a ciência (Borreria savannicola e Hexasepalum nordestinum) e restritos à essas formações. Desses locais, apenas três encontram-se resguardados por Unidades de Conservação, onde, mesmo assim, observam-se impactos ambientais. Tal constatação ressalta a complexidade e desafios na gestão efetiva desses ecossistemas, indicando a necessidade de aprimoramentos nas estratégias conservacionistas para incluir efetivamente as formações savânicas no mapa de conservação do Ceará.