ResumoPartindo-se dos pressupostos da centralidade do trabalho na vida humana e de que o acesso da pessoa com deficiência ao mercado de trabalho é um direito civil, esta pesquisa objetiva investigar as percepções sobre trabalho, das pessoas com deficiência (PcDs), e seus familiares responsáveis, a partir um programa de inclusão no trabalho, cujas PcDs estão inseridas. O programa é tutoreado por uma indústria metalúrgica situada no estado do Rio Grande do Sul. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de cunho exploratório. Foram entrevistadas 22 pessoas, sendo 12 PcDs, e, também, seus/suas pais/mães, equivalente a 10 sujeitos, em momentos distintos. As entrevistas, gravadas e transcritas na íntegra, foram submetidas à análise de conteúdo, a partir de Bardin (2009) gerando quatro categorias temá-ticas mistas: 1) relações prévias de trabalho; 2) Visão sobre o recebimento do benefício de prestação continuada e do salário; 3) Sentimentos frente a inserção no programa de inclusão e 4) Potencialidades do filho com deficiência. À guisa de considerações finais, compreende-se que o trabalho é fator impulsionador de sentimentos positivos para as PcDs, ao mesmo tempo em que gera insegurança aos pais e responsáveis. O Benefício de Prestação Continuada revelou-se como obstáculo para a inclusão no trabalho, em razão do desconhecimento acerca do regulamento. Palavras-chave: Deficiência, Inclusão, Trabalho
IntroduçãoEste artigo problematiza a questão da inclusão da pessoa com deficiência (PcD) no trabalho. Para tanto, parte-se do pressuposto da centralidade do trabalho na vida humana, que o coloca como meio pelo qual firma-se a identidade e, ainda, sobrevive-se. O trabalho é uma maneira, talvez a mais valiosa pelas possibilidades que oferece, para a concretização do projeto de vida das pessoas, que envolve o aprendizado, a experimentação da solidariedade e da democracia (Dejours, 1999). A questão da significância do trabalho para a construção da identidade, da cidadania e o desenvolvimento social e emocional das pessoas com deficiência é defendida por uma extensa literatura nacional e internacional (Del-Prette, Del Prette, & Pereira, 2008).Sendo assim, pela importância de que se reveste o trabalho na vida humana, toma-se a ideia ressaltada por Bezerra e Vieira (2012) de que a PcD é cidadã como qualquer outra, tem o direito do livre arbítrio e, como tal, pode usufruir de toda e qualquer oportunidade disponibilizada na sociedade, incluindo-se aí, as relacionadas ao contexto do trabalho. Acrescenta-se a isso que, independentemente do tipo da deficiência ou do grau de comprometimento que se apresenta, a