ResumoIntrodução: A comorbidade entre dependência química e doenças infectocontagiosas é bem conhecida, assim como a relação entre transtornos de humor e uso de substâncias. Entretanto, o transtorno distímico nestes pacientes recebe pouca atenção. Em parte, isso se justifica porque a realização do diagnóstico de distimia é mais difícil do que de outros transtornos do humor em razão do tempo de abstinência (2 anos) necessário para o diagnóstico, tendo em vista que toxicodependentes apresentam diversas recaídas durante o curso de suas vidas. As infecções pelos vírus HIV e HCV, frequentemente associadas ao consumo injetável de substâncias, contribuem para alterações do estado mental e o próprio tratamento pode causar diversas flutuações no humor. Relato de caso: O paciente é um homem de 40 anos de idade que apresenta comorbidade entre dependência química (heroína e álcool) e distimia, complicada por recaídas, consumo injetável e status sorológico positivo aos vírus HIV-1 e HCV. Conclusão: Pacientes dependentes químicos com comorbidades psiquiátricas e infectocontagiosas são desafiadores no que tange diagnóstico, tratamento e definição de abordagens terapêuticas para os diferentes problemas apresentados. Investigar e abordar adequadamente, entretanto, traz diversos benefícios na qualidade de vida do indivíduo afetado, assim como potenciais benefícios financeiros.
Marsden VFMG / Rev Psiq Clín. 2009;36(1):31-33Palavras-chave: Comorbidade, transtorno distímico, dependência de heroína, alcoolismo.
AbstractBackground: Comorbidity between chemical dependence and infectious diseases is well known, as is the relationship between mood disorders and substance misuse. Nevertheless, dysthymia in these patients is not well explored. That is partly justified since the diagnoses of dysthymia is more difficult than other mood disorders due to the abstinence time (2 years) required for the diagnoses, and since addiction patients present several relapses during the course of their lifetimes. HIV and HCV infections, frequently associated to intravenous (IV) drug use, contribute to mental status deterioration and the treatment for such conditions can cause fluctuations on mood. Case report: A 40 years old patient with comorbidity between chemical dependence (heroin and alcohol) and dysthymia, complicated by relapses, IV drug use and serological status positive to HIV-1 and HCV. Conclusion: Addiction patients with psychiatric and infectious comorbidity are challenging to diagnose, treat and define therapeutical approaches to the different conditions. Proper clinical investigation and approach leads to benefits in health quality and potential financial benefits.