“…outrem. Isso implica, evidentemente, na subtração das demandas para a qualificação do exercício profissional dos professores, reduzindo "seu saber" ao domínio técnico de práticas e metodologias gerais de ensino-aprendizagem.Com a homologação da Base Nacional Curricular Comum, a BNCC, ao final de 2017, tem início, no estado de São Paulo, a (re) elaboração do Currículo Paulista para sua adequação à base nacional e que, apesar de trazer em seu texto introdutório os números das participações e sugestões enviadas de maneira remota pelos professores e afirmar que esse documento representa "um marco importante para a redução das desigualdades educacionais no Estado, uma vez que explicita as aprendizagens essenciais que todos os estudantes devem desenvolver" (SÃO PAULO, 2019, p. 29), o documento final apresentase como uma cópia fiel da BNCC.A exemplo da BNCC, observa-se no currículo paulista a centralidade do processo educativo sendo transferido para as unidades temáticas e habilidades nas quais os modelos rígidos e centralizados tiram o foco das disciplinas escolares e do aprendizado de conceitos, que em íntima relação com a ciência de referência de cada disciplina são ferramentas fundamentais para a construção da possibilidade da leitura de mundo, é o que Girotto (2018) tem chamado de um projeto de esvaziamento epistemológico disciplinar, pensado para as formas precárias de formação e contratação docente.No período compreendido entre 2012 e 2017, verificou-se um total de 16.058 exonerações a pedido na rede estadual 13 paulista, o que significa uma média de 2.676 demissões por ano, equivalente a mais de 7 exonerações por dia(PAGANI, 2019). 15 Verifica-se que essa rede de ensino também está inserida sob lógicas neoliberais de contenção de investimentos, de amplificação de vetores de privatização ao aumentarem a contratação de mão-de-obra terceirizada, na entrega da gestão de algumas unidades de educação infantil para Organizações Sociais -OS, na falta de professores nas unidades educacionais, nas salas de aula lotadas, no fechamento sistemático de salas de EJA, na piora da qualidade da alimentação escolar, ou ainda na oferta constante de produtos das grandes editoras à SME com seus pacotes de materiais didáticos, incluindo cursos de formação continuada de professores, entre outros desafios.No entanto, projetos coletivos e inovadores, registrados em diferentes unidades escolares, parecem indicar que há nelas condições para um desenvolvimento mais amplo da profissionalidade docente e, consequentemente, a ampliação das possibilidades de construção da autonomia de professores e alunos.…”