Queda dos homicídios em São Paulo, Brasil: uma análise descritiva

Abstract

Objetivo Descrever a evolução da mortalidade por homicídios no Município de São Paulo segundo tipo de arma, sexo, raça ou cor, idade e áreas de exclusão/inclusão social entre 1996 e 2008. Métodos Estudo ecológico de série temporal. Os dados sobre óbitos ocorridos no Município foram coletados da base de dados do Programa de Aprimoramento das Informações sobre Mortalidade, seguindo a Classificação Internacional de Doenças, Décima Revisão (CID-10). Foram calculadas as taxas de mortalidade por homicídio (TMH) para a população total, por sexo, raça ou cor, faixa etária, tipo de arma e área de exclusão/inclusão social. As TMH foram padronizadas por idade pelo método direto. Foram calculados os percentuais de variação no período estudado. Para as áreas de exclusão/inclusão social foram calculados os riscos relativos de morte por homicídio. Resultados As TMH apresentaram queda de 73,7% entre 2001 e 2008. Foi observada redução da TMH em todos os grupos analisados, mais pronunciada em homens (−74,5%), jovens de 15 a 24 anos (−78,0%) e moradores de áreas de exclusão social extrema (−79,3%). A redução ocorreu, sobretudo, nos homicídios cometidos com armas de fogo (−74,1%). O risco relativo de morte por homicídio nas áreas de exclusão extrema (tendo como referência áreas com algum grau de exclusão social) foi de 2,77 em 1996, 3,9 em 2001 e 2,13 em 2008. Nas áreas de alta exclusão social, o risco relativo foi de 2,07 em 1996 e 1,96 em 2008. Conclusões Para compreender a redução dos homicídios no Município, é importante considerar macrodeterminantes que atingem todo o Município e todos os subgrupos populacionais e microdeterminantes que atuam localmente, influenciando de forma diferenciada os homicídios com armas de fogo e os homicídios na população jovem, no sexo masculino e em residentes em áreas de alta exclusão social.

Vitimização por homicídios segundo características de raça no Brasil

“…25 Socioeconomic inequality has been described as an important factor in predicting victimization by homicide. 3,10,14,[16][17][18]22,28 The homicide rate increased in the black population for the two strata of education, suggesting that race/ color may partially explain the occurrence of homicide. However, education alone does not exhaust all the analytical dimensions of social conditions.…”

Evaluating the Effect of Homicide Prevention Strategies in São Paulo, Brazil: A Synthetic Control Approach

“…7 Finally, as noted above, Peres et al (2011) point out that violent death rates decreased in all age groups and social classes in the city São Paulo. Hence, cohorts that do not correspond to typical PCC members (such as the elderly or middleaged females) are also less affected by violence.…”

“…Gun-related homicides declined about 74 percent from 2001 to 2008 (Peres et al 2011) while São Paulo experienced an increase of 770 percent in the arrests of repeated murderers (Manso 2012, 36). Although there are studies that indicate possible "hardening effects" of imprisonment, that is, longer sentences may increase an individual's tendency to commit further crimes (e.g., Chen and Shapiro 2007;Glaeser, Sacerdote, and Scheinkman 1996;Western, Kling, and Weiman 2001), the São Paulo case appears to suggest otherwise.…”

“…Although there are studies that indicate possible "hardening effects" of imprisonment, that is, longer sentences may increase an individual's tendency to commit further crimes (e.g., Chen and Shapiro 2007;Glaeser, Sacerdote, and Scheinkman 1996;Western, Kling, and Weiman 2001), the São Paulo case appears to suggest otherwise. Moreover, violent deaths have decreased in all population strata but especially among males (-74.5%), fifteen-to twenty-four-year-old men (-78.0 percent) and those who live in extreme poverty (-79.3 percent), groups that are generally associated with criminality (Peres et al 2011).…”

A metrópole de São Paulo no início do século XXI

“…No que diz respeito aos indicadores de criminalidade, ocorreu intenso crescimento dos homicídios no final dos anos 1990, com pico da taxa de homicídios de 56,4 por 100 mil habitantes em 2001, mas posterior redução paulatina até 2008, quando a taxa chegou a 14,9 por 100 mil, mantendo-se estável a partir de então (Peres et al, 2011;Nery, 2012). A distribuição espacial das taxas, entretanto, permaneceu praticamente inalterada, indicando estabilidade nas desigualdades sociais da distribuição da violência letal.…”