A presente dissertação de mestrado intitulada “Múltiplas parentalidades: Características dos arranjos familiares domésticos no Brasil em 2019” volta-se para o estudo dos arranjos familiares formados a partir das relações de parentesco e não apenas pela consanguinidade. Este fenômeno dos arranjos familiares não- sanguíneos cresce no mundo inteiro e, também, no Brasil, levando ao reconhecimento legal destas formas de filiações que fogem do modelo da família nuclear. Especificamente, objetivou-se identificar como esses arranjos familiares domiciliares formados a partir da relação não consanguínea se apresentam hoje no cenário brasileiro, analisando-se o perfil dos envolvidos. O estudo partiu de uma revisão bibliográfica na base de dados Web of Science e no catálogo de teses e dissertações da Capes, buscando identificar os diferentes arranjos familiares já estudados no Brasil por outros pesquisadores e as concepções de família elaboradas nestes estudos. Posteriormente, analisou-se os dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), a fim de mapear os diferentes arranjos familiares existentes no Brasil. Com base nesta, evidenciou-se que arranjos que possuem a figura masculina em sua composição apresentam maior propensão em ter estes como responsáveis pelo domicílio, caracterizando-os com uma idade média de 41 anos. O casamento se mostrou predominante entre famílias intactas ao passo que a união estável predominou-se entre as famílias reconstituídas. A renda per capita dos responsáveis pelo domicílio apresentou variação entre R$ 1.012,80 e R$ 1391,34 reais. No tocante a cor ou raça, houve predomínio considerável apenas em relação aos filhos, em termos da cor de pele parda seguida da branca. E, em relação a escolaridade, o arranjo familiar homoafetivo foi o que apresentou o maior grau de instrução. Por fim, com base nos dados coletados, conclui-se que a maior parte da população brasileira não se encontra vivendo numa família nuclear (biparental com filhos biológicos), ainda que este arranjo seja predominante e apresente uma distribuição semelhante entre as regiões do país, demonstrando que a família atual tem sido constituída preponderantemente pelos vínculos não biológicos, estabelecidos entre seus membros e pelos papéis que estes ocupam dentro dessa estrutura, deixando de ser caracterizada majoritariamente pela consanguinidade, como era no passado. Palavras-chave: Afetividade. Arranjos familiares. Família. Filiação.