A formação inicial de educadores químicos perpassa por dois momentos gerais: o estudo dos conteúdos químicos e pedagógicos e, em seguida, a articulação destes conhecimentos para explicar os fenômenos educativos enquanto docente observador e, depois, como regente de uma turma na supervisão de dois professores – o regente oficial e o formador. Neste último momento, há grande dificuldade da parte dos professores em formação em fazer essa articulação por conta do apego ao pragmatismo largamente difundido na profissão ou até mesmo à ideia metafísica de que só as pessoas agraciadas com o dom da docência podem realizá-lo. Rompendo com essas falácias – tanto as praticistas, quanto as metafísicas –, procuramos evidenciar algumas articulações da teoria com a prática feitas nos relatórios dos estágios de observação e regência de um estudante da licenciatura em química, nas quais estejam presentes a especificidade da formação docente, como também a impossibilidade do trabalho educativo ser desenvolvido de maneira inconsciente e recuado da teoria ou da realidade objetiva. Neste artigo, fazemos uma primeira aproximação ao conceito de consciência pedagógica para compreender o estágio e seu relato articulado à teoria. Acreditamos que este trabalho poderá servir de ajuda para educadores químicos em formação, desde a observação até o momento criativo de planejamento das aulas e suas respectivas descrições, mas, sobretudo, para negritar a necessidade de superar o apego a teorias pedagógicas abstratas e a empiria isolada que nada explica e pouco orienta os professores.