RESUMO Objetivo: buscamos compreender como o racismo se manifesta de forma tangível na vida de mulheres negras, limitando sua capacidade de ação, enquanto elas buscam negociar por espaços sociais por meio de expressões culturais, na cidade de Belo Horizonte. Marco teórico: apoiamo-nos nos conceitos de racismo estrutural e pacto narcísico, apontando convergências e divergências no entendimento das organizações como espaços racializados. Método: utilizamos uma abordagem qualitativa, em um contexto de uma pesquisa etnográfica, optando por realizar uma entrevista semiestruturada com Zuri, presidente de um bloco afro. Como ferramenta analítica, empregamos o conceito de interseccionalidade. Resultados: evidenciamos que tanto o racismo estrutural quanto o pacto narcísico se manifestam no cotidiano das organizações. Ambos os fenômenos são ainda mais perversos para as mulheres negras, em especial quando elas tensionam uma estrutura racista e sexista. Conclusões: a dimensão coletiva do racismo traz desafios às organizações e seus agentes. Tal efeito pode levar os indivíduos, especialmente as lideranças das organizações que deveriam estar mais compromissadas com a mudança estrutural, a se esconderem atrás do racismo de suas instituições e pactos entre os membros de suas equipes.