RESUMO Objetivo: O presente estudo realizou a adaptação transcultural do Intersectional Discrimination Index (InDI) para o português do Brasil. Trata-se de um instrumento composto de 31 itens, que visa mensurar os impactos para a saúde de experiências interseccionais com discriminação antecipada (InDI-A), cotidiana (InDI-D) e maior (InDI-M). Métodos: Foram percorridas as seguintes etapas: (1) traduções independentes; (2) síntese das traduções; (3) avaliação por comitê de especialistas; (4) análise por membros da população-alvo; (5) tradução reversa; e (6) pré-teste. Calculou-se igualmente o coeficiente de validade de conteúdo (CVC) de cada um dos itens e de todo o instrumento. O CVC foi empregado por permitir identificar quais itens necessitavam de ajustes de acordo com os critérios de clareza de linguagem, relevância teórica e pertinência prática. Resultados: Dos 31 itens do instrumento, 24 foram considerados adequados e sete necessitaram de ajustes de linguagem. Os valores dos CVC foram satisfatórios para os critérios de clareza de linguagem (CVCt=0,86), pertinência prática (CVCt=0,87) e relevância teórica (CVCt=0,87), e o público-alvo considerou satisfatória a compreensão do instrumento (média=4,44; desvio padrão=1,36). O tempo médio de resposta foi de 15,5 minutos e não foram registradas dúvidas adicionais. A tradução reversa foi aprovada pelos autores originais do instrumento. Conclusão: As etapas iniciais do processo de adaptação transcultural mostraram que o InDI parece promissor para uso no Brasil. Estudos futuros ainda precisam examinar as propriedades psicométricas do instrumento para confirmar os resultados positivos do presente trabalho, bem como sua utilidade para a avaliação dos impactos para a saúde de experiências interseccionais com discriminação.