O presente ensaio focaliza a noção-chave de arquivo na pesquisa educacional, reputando-a como uma plataforma teórico-procedimental fecunda para abordagens de cunho qualitativo, com base nas proposições de Michel Foucault e de alguns de seus interlocutores acerca da temática. A justificativa para tal proposição funda-se no pressuposto de que, mediante o caráter híbrido das práticas investigativas no campo educacional – condicionadas pela confluência de saberes oriundos de territórios discursivos nem sempre congruentes, redundando por vezes em inconsistência procedimental –, toca-nos dispor enquadramentos rigorosos quanto à eleição e ao manejo das fontes documentais eleitas, bem como, sobretudo, a seu processamento analítico. A título de materialização da discussão em tela, são apresentados os procedimentos de um trabalho investigativo voltado ao exame das racionalidades em circulação no campo educacional brasileiro acerca da pandemia de Covid-19, durante o biênio 2020-2021, englobando desde a interrupção do atendimento escolar, passando pela implementação do ensino remoto emergencial, até o início da retomada das atividades presenciais. Tratou-se, mais especificamente, de perspectivar uma série de temáticas emergentes em face da eclosão de um fenômeno social não antevisto, dando a ver seus principais efeitos na discursividade do referido campo. Para tanto, a fonte documental eleita foi a produção investigativa brasileira sobre o tema veiculada em 150 periódicos sob a responsabilidade dos Programas de Pós-graduação e de outros órgãos da área. As considerações finais apontam para a potencialidade do procedimento investigativo em tela, de modo a evidenciar possíveis contribuições às abordagens qualitativas na pesquisa educacional, com destaque para modalidades procedimentais circunscritas ao trabalho de edição ou de curadoria concernente à montagem dos discursos sob exame.