“…A função da vigilância na sociedade do «Sorria: você está sendo filmado», que é a expressão máxima da sociedade de controle, seria, portanto, regular a atuação dos indivíduos na rede, evitando comportamentos contrários à circulação do próprio poder, enquanto a punição seria, para efeito deste artigo, um mecanismo para corrigir atos que não estejam dentro da lógica moral estabelecida virtualmente pelos usuários da rede. (BARRETO;RIOS, 2012, p. 4) Quanto custaria, e que logística seria necessária se o Estado resolvesse vigiar por conta própria cada professor dentro de cada sala de aula em um país continental como o Brasil? Nesta solução e, de maneira muito conveniente, os alunos -que são muitos e que, em quase sua totalidade, estão munidos de um equipamento portátil de vigilância -passam a assumir os postos dos fiscais do pensamento como vigias, inicialmente imbuídos da ideia de que seus atos servirão a um bem maior (uma educação mais neutra, menos controversa, mais conservadora e de uma moral mais elevada e não doutrinadora), metamorfoseiam suas ações para um propósito mais nefasto: o de garantir, no fim das contas, a manutenção dos interesses daqueles a quem a educação possa ser um obstáculo.…”