RESUMO: Objetivo:Foram estudadas comparativamente as laparotomias longitudinais paramediana e transversal avaliando-se a resistência cicatricial da parede abdominal e seu aspecto histológico, com peritônio suturado ou não. Método: 30 coelhos foram distribuídos em dois grupos: Grupo 1 (n = 10) -laparotomia longitudinal, Subgrupo 1A (n = 5) sutura das bainhas anterior e posterior do músculo reto abdominal, bem como do peritônio, Subgrupo 1B (n = 5) sutura da bainha anterior do músculo reto abdominal. Grupo 2 (n = 20) -laparotomia transversa, Subgrupo 2A (n = 5) sutura das bainhas anterior e posterior do músculo reto abdominal, bem como do peritônio, Subgrupo 2B (n = 5) sutura apenas da bainha anterior do músculo reto abdominal, Subgrupo 2C (n = 5) sutura, em plano único, do músculo reto abdominal e de sua bainha anterior, Subgrupo 2D (n = 5) síntese, da bainha posterior do músculo reto abdominal junto com o peritônio e, em seguida, sutura do músculo reto abdominal, complementada por sutura da bainha anterior desse músculo. Após 17 dias, foram retirados dois segmentos peritonio-aponeurotico-musculares da cicatriz para avaliação da resistência e de seus aspectos histológicos. Resultados: O valor da resistência para cada um dos grupos avaliados mostrou 1A > 1B, 1A > 2A e 1B > 2B, e 2B > 2C > 2D > 2A (p = 0,014). Deiscência, infecção e aderências foram mais freqüentes no Grupo 2. A histologia mostrou degeneração e necrose muscular, com sua substituição por tecido conjuntivo fibroso maduro cicatricial. Conclusão: Esses dados indicam que o corte muscular transversal provoca maior enfraquecimento muscular e que o peritônio deixado aberto não altera a resistência cicatricial (Rev. Col. Bras. Cir. 2007; 34(4): 232-236
INTRODUÇÃOA parede peritônio-aponeurotico-muscular abdominal é a via de acesso às vísceras abdominais para as diferentes operações laparotômicas. As laparotomias dividem-se em: longitudinais, que permitem acesso a todo o abdome, podendo ser mediana e paramedianas pararretal medial, transretal e pararretal lateral; e transversais, que seguem a orientação das linhas de força do abdome, perpendiculares ao plano sagital e podem seccionar o músculo reto do abdome 1,2 .Ainda não há consenso quanto ao melhor método de fechamento da parede abdominal. O mais usual é a sutura contínua, utilizando fio absorvível. Quando há risco de evisceração, em situações como obesidade, distensão abdominal e desnutrição, deve ser considerada a síntese total da parede, em um plano 1,2 . A sutura peritoneal, obrigatória para muitos, previne aderências entre as vísceras e o restante da parede abdominal, além de reduzir o risco de infecção, e evisceração. Entretanto, essas vantagens não têm sido comprovadas em estudos experimentais 3 . Em contrapartida, algumas pesquisas mostraram que a sutura peritonial pode provocar isquemia, necrose e inflamação local, que retardariam a cicatrização e seriam causa de aderências. A reperitonização espontânea, quando não se sutura o peritônio, ocorre no período de 48 horas a seis dias 4 . As freqüentes...