ResumoCirurgias realizadas em pacientes com reserva funcional hepática reduzida podem apresentar altos índices de morbi-mortalidade. Uma triagem pré-operatória ideal visa detectar a doença hepática pré-existente, sem necessidade de métodos invasivos. A história clínica e o exame físico fornecem pistas importantes. A quantificação da função hepática de rotina não é necessária, a menos que exista alguma alteração na história ou exame físico. A doença hepática causa diversos efeitos na cirurgia e anestesia. A indução anestésica, hemorragias, hipoxemia, hipotensão, drogas vasoativas e até a posição do paciente na mesa cirúrgica podem provocar diminuição na oxigenação e maior risco de disfunção hepática no intra e pós-operatório. A cirurgia de emergência é um grande preditor de mau prognóstico assim como a sepse e as reoperações. Para uma correta preparação pré-operatória, deve-se levar em consideração a natureza da doença hepática, sua gravidade e o tipo de cirurgia a ser realizada. Algumas ações devem ser tomadas no pré-operatório para diminuir as chances de complicações em pacientes portadores de hepatopatias submetidos a procedimentos cirúrgicos. O combate à coagulopatia, encefalopatia, ascite, disfunção renal e pulmonar, peritonite bacteriana espontânea e varizes de esôfago deve ser precoce e agressivo. Doentes Child-Pugh C e MELD > 15 não devem ser submetidos a cirurgias eletivas. Doentes Child-Pugh B e com MELD de 10 a 15 podem ser submetidos a pequenos procedimentos cirúrgicos em caso de extrema necessidade e com cautela. Finalmente doentes Child-Pugh A e MELD < 10 podem ser operados.
Artigo de Revisão introduçãoCirurgias realizadas em pacientes com reserva funcional hepática reduzida podem apresentar altos índices de morbimortalidade. Garrison et al., em 1984, mostraram que 10% dos pacientes com doença hepática avançada seriam submetidos a algum tipo de tratamento cirúrgico diferente do transplante nos dois anos finais de suas vidas. 1 Além disso, pacientes assintomáticos com cirrose não diagnosticada podem ser submetidos a cirurgias eletivas. Uma função hepática crítica prejudica o metabolismo das drogas, a depuração de toxinas exógenas e endógenas e a produção de proteínas plasmáticas. Dessa forma, é necessária uma avaliação pré-operatória adequada para identificar tais problemas e controlá-los, diminuindo o risco cirúrgico. 2 Uma triagem pré-operatória ideal visa detectar a doença hepática pré-existente, sem necessidade de métodos invasivos. A história clínica e o exame físico fornecem pistas importantes como a presença de icterícia, ascite, spider, hepato-esplenomegalia, eritema palmar e rarefação de pelos. Fatores de risco como hemotransfusões, uso de drogas, alcoolismo, história familiar de icterícia ou doença hepática hereditária, reações adversas à anestesia e o uso de medicações devem ser questionados. 2 A quantificação da função hepática de rotina não é necessária, a menos que exista alguma alteração na história ou exame físico. Apesar do grande número de pessoas infectadas pelos vírus da hepatite...