“…No ano de 2018 o câncer de colo de útero foi o responsável pela morte de 28,000 mulheres na américa latina, correspondendo a 9% do número total de mortes globais por câncer cervical no mesmo ano(Pilleron et al, 2020).No que tange ao rastreio da patologia, as Diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero preconizam que a colpocitologia oncótica cervical (PCCU) deve ser realizada a cada 3 anos em mulheres de 25-64 anos com vida sexual ativa e os resultados são computados pelo Sistema de Informação do Câncer do Colo do Útero (SISCOLO) e no Sistema de Informação do Câncer (SISCAN)(Ribeiro et al, 2019). Nesse sentido, a atenção primária constitui uma das principais responsáveis pelo rastreamento do câncer de colo uterino, pois o exame Papanicolau é considerado uma tecnologia com grande capacidade de ser empregada nesse nível de atenção(Gasparin et al, 2020).Embora o câncer cervical corresponda a uma patologia com alta taxa de prevenção, e exista na atualidade, uma tendência global do aumento da cobertura de rastreio, do acesso ao tratamento e do desenvolvimento de vacinas contra o HPV, no Brasil não houve uma queda tão expressiva dos dados de incidência e do índice de mortalidade do câncer cervical quando comparado a países mais desenvolvidos(Claro et al, 2021;Primo et al, 2021). Somado a isso, a pandemia de COVID-19, iniciada em 2020, ocasionou impactos sociais e econômicos no país que afetaram ações relacionadas à prevenção de câncer de colo de útero e as metas para a sua eliminação(Ribeiro et al, 2021).Quando analisados os demais dados globais, o Brasil apresenta uma tendência de diagnóstico tardio do câncer de colo de útero e com a presença de um extenso intervalo no período entre o diagnóstico e o início do tratamento, situação que é acentuada pelas desigualdades regionais que afetam diretamente o acesso à saúde, especialmente se tratando das regiões norte e nordeste(Paulino et al, 2020;Guerra et al, 2017;Rocha et al, 2017;Tsuchiya et al, 2017).…”