Introdução: A hospitalização repentina e prolongada na gravidez de alto risco configura experiência estressora, trespassada por sentimentos conflitantes, que repercutem em sofrimento de ampla magnitude ou concorrem com o desenvolvimento de quadros psicopatológicos. Objetivo: Analisar os aspectos psicológicos que atravessam a gestação de alto risco no processo de hospitalização prolongada. Metodologia: Pesquisa quantitativa, descritiva, transversal, que reuniu 27 gestantes com idade entre 18 e 45 anos, hospitalizadas em Maternidade Estadual de alta complexidade, em Teresina, Piauí, por período superior a 30 dias. A coleta de dados adotou como instrumentos, SRQ-20 (Organização Mundial da Saúde) e questionário sobre dados sociodemográficos, situação de saúde, reações subjetivas e sintomas psicossomáticos (elaborado pelas pesquisadoras). Efetuou-se análise estatística, com subsequente tabulação dos dados por meio do software Microsoft Excel e exibição das informações por tabelas e gráficos. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Piauí, Parecer nº 6.217.047/2023. Resultados e Discussão: As gestantes de alto risco e em hospitalização prolongada possuem idade média de 28±9 anos (52%); raça/cor parda (67%); procedem de outros municípios do Piauí (56%); estado civil união estável (45%); escolaridade ensino médio completo (54%); profissão dona de casa (44%); moram com companheiro e filhos (45%); têm 2 a 3 filhos (55%); possuem familiar como acompanhante (59%). As morbidades maternas mais prevalentes foram: hipertensão e pré-eclâmpsia (44%); controle glicêmico e diabetes (29%); ameaça de parto prematuro (11%). Dentre reações emocionais e sentimentos emergentes na internação, tiveram destaque: saudade de casa (100%) e da família (92,6%); preocupação com família (66,7%); ansiedade (66,7%). Os sintomas psicossomáticos recorrentes foram: “sentir-se nervoso, tenso, preocupado” (85,2%); “sentir medo com facilidade” (51,9%); “não conseguir pensar com clareza” (44,4%); “choro mais que o comum” (44,4%); “dormir mal” (44,4%). Foram frequentes sintomas respectivos a transtornos mentais comuns ou a afecções psicossomáticas: sintomas de humor depressivo-ansioso (35%); decréscimo de energia vital (27%); sintomas somáticos (26%); pensamentos depressivos (11%). A atenção integral a gestantes exige abordagem biopsicossocial e cuidados psicológicos, alicerçados no acolhimento, vínculo e escuta empática, para auxiliá-las na reestruturação emocional e prevenção de transtornos mentais. Conclusão: É vital o bom vínculo entre a tríade paciente-equipe-família, para mitigação dos sintomas estressores, depressivos, ansiosos, psicossomáticos. A Psicologia Hospitalar exalta o protagonismo e a voz das pacientes; favorece a expansão de estratégias de coping e recursos de enfrentamento; em prol da ressignificação de sentidos e resiliência, cônscio da gestação de alto risco e da internação prolongada.