O conhecimento a respeito de espécies animais silvestres é algo percebido ao longo do mundo, sendo evidenciado por diferentes grupos sociais através de estudos etnozoológicos. As aves capturadas são atribuídas a finalidades como, alimentação, fins de criação, medicina tradicional, comércio ilegal, rituais religiosos e ornamentação. As populações humanas que vivem dentro e nos arredores de unidades de conservação desenvolvem amplo conhecimento sobre a vida silvestre. Isso inclui informações sobre as espécies alvos de caça. Estima-se que a riqueza de espécies de aves conhecidas pelas pessoas locais pode dar indicativo de quais espécies estão disponíveis no ambiente, assim como, quais delas vem sofrendo pressão de uso. Nesta pesquisa, buscamos acessar o conhecimento local sobre as aves que ocorrem no Parque Nacional de Sete Cidades, Piauí, discutindo os aspectos conservacionistas envolvidos nessa relação. Por meio de entrevistas semiestruturadas (n = 31 entrevistados), inventariamos as espécies de aves conhecidas, os usos atribuídos e analisamos a abundância percebida. Como resultado foram registrados 118 etnoespécies, sendo a família Columbidae a mais citada (n = 10). Sobre os usos, encontramos finalidade para a criação (87% do total de citações), alimentação (81%), uso mágico-religioso (16%) e medicinal (10%). Para os entrevistados, Penelope superciliaris é a espécie menos encontrada. Os resultados destacam a contribuição do conhecimento das pessoas locais para a conservação das aves no parque, sobretudo quanto à presença de espécies e quais delas estão sofrendo pressão de uso. Relevantes informações para estudos ecológicos com foco no manejo populacional foram coletadas.