As coleções de cerâmica arqueológica formadas por particulares durante o século XIX e XX resultaram de uma prática comum na Amazônia e vêm sendo depositadas em museus brasileiros e internacionais. Estas tornam-se objeto de estudo em diversos campos, apesar da dificuldade da recuperação de informações. Neste artigo foi realizado o estudo da coleção Dita Acatauassu, da ilha do Marajó, com o objetivo de obter a guarda definitiva pelo Museu Paraense Emílio Goeldi. Os resultados indicados pela análise morfológica e decorativa dos 613 fragmentos permitiram reorganizar 40% da coleção. Além disso, o diagnóstico dos resíduos de intervenções anteriores e fraturas recentes, em confronto com a documentação, permitiram verificar a existência de fragmentos em outras instituições museais pertencentes aos mesmos objetos, originando por vezes peças quase completas. Colocam-se questões complexas e inéditas relacionadas à conservação e gestão de coleções arqueológicas, doações e descontextualização dos achados, política de comodatos e partilha de coleções de objetos compostos por fragmentos sob a guarda de diferentes instituições.