RESUMOIntrodução: O tabagismo é um importante fator de risco para o desenvolvimento, recorrência e progressão do cancro da bexiga. Este estudo pretendia analisar os hábitos tabágicos após o diagnóstico em doentes com cancro da bexiga. Adicionalmente, foi avaliado o reconhecimento do tabagismo como fator de risco e a atuação médica na promoção da cessação tabágica. Smoking was acknowledged as a risk factor by 74.4% of the sample, with only 51.3% of ever smokers and 24.4% of non-smokers recognizing smoking as the leading risk factor (p = 0.008). The presence of other household smokers were significantly higher in patients who continued smoking (40%) than in ex-smokers after diagnosis (4.2%) (p = 0.005). The majority of smokers at diagnosis (83.1%) were advised to quit by their urologist, but only one smoker (1.7%) was offered any specific intervention to aid in cessation. Discussion: Smoking is not recognized as the leading risk factor for bladder cancer. This limited awareness, associated with the known difficulties in quitting smoking and the observed lack of smoking cessation interventions, may account for the high current smoking prevalence, albeit in line with other studies. Conclusion: This study highlights the need for efficient smoking cessation programs directed to bladder cancer patients. Keywords: Smoking; Smoking Cessation; Urinary Bladder Neoplasms
INTRODUÇÃOO cancro da bexiga (CB) é uma das neoplasias malignas mais frequente do trato urinário, com uma incidência 3 -4 vezes mais elevada nos homens do que nas mulheres. [1][2][3] É o sétimo cancro mais frequente no mundo, com aproximadamente 336 000 novos casos estimados/ano, em particular nos países desenvolvidos.2,4 Em Portugal, segundo dados do relatório de doenças oncológicas, o CB tem a oitava maior taxa de incidência, tendo sido responsável pela morte de 940 doentes no ano de 2014, valor que manifesta uma tendência de crescimento face aos anos anteriores.
5O CB é um dos principais carcinomas associados ao tabaco; estudos epidemiológicos evidenciam uma relação consistente entre o tabagismo e o risco de CB, responsável por mais de 50% dos casos nos países desenvolvidos. 1,[6][7][8][9] Os ex-fumadores e os fumadores apresentam um risco duas e quatro vezes superior, respetivamente, com maiores incrementos deste consoante a intensidade e a duração do consumo. 7,9 O consumo de tabaco no contexto oncológico não é apenas relevante pelo seu potencial carcinogénico. A evidência científica atual aponta para um pior prognóstico, maior risco de recorrência e de progressão nos doentes