Este artigo se concentra na reação do povo Ingarikó à invisibilização praticada pelo poder público por ocasião da criação do Parque Nacional do Monte Roraima, no ano de 1989. Sua construção se apoiou no cruzamento de informações oriundas de levantamento bibliográfico e análise documental, assim como em visitas de campo voltadas à confirmação das informações acessadas. Os resultados indicaram que os indígenas consideraram sua situação de invisibilidade perante o poder público como a principal causa da criação da unidade de conservação. Como reação, iniciaram uma luta por reconhecimento e redistribuição pautada em estratégias de representação, negociação e resistência. Conclui-se que a organização de eventos denominados assembleias gerais permitiu aos autóctones a exposição de suas demandas e a oportunização de diálogos com o órgão ambiental responsável pelo parque nacional. Ao mesmo tempo, a resistência Ingarikó passou a condicionar a gestão da área sobreposta à visibilidade da territorialidade indígena e suas expectativas para o futuro.