2020
DOI: 10.20889/m47e21009
|View full text |Cite
|
Sign up to set email alerts
|

Recuperando a justiça de gênero e a África nas Conferências Mundiais da Mulher

Abstract: Como se configuram os pilares de justiça de gênero nas Conferências Mundiais da Mulher, nomeadamente em seus planos, plataformas e estratégias de ação? Neste artigo, apontamos como estes documentos ensejam princípios de justiça fundados em três dimensões: redistribuição, reconhecimento e representação. Ademais, analisamos brevemente como eles se aplicam à África no contexto das conferências. Concluímos que há um enfoque prioritário em redistribuição e reconhecimento, e difuso em representação.

Help me understand this report

Search citation statements

Order By: Relevance

Paper Sections

Select...
1
1
1
1

Citation Types

0
0
0
2

Year Published

2021
2021
2023
2023

Publication Types

Select...
5

Relationship

2
3

Authors

Journals

citations
Cited by 5 publications
(5 citation statements)
references
References 31 publications
0
0
0
2
Order By: Relevance
“…Um escrutínio desses documentos evidencia as diferenças marcantes entre feministas do primeiro, segundo e terceiro mundo nos anos da Década da Mulher: se de um lado as americanas e européias ocidentais advogavam por agendas informadas pelos resultados da primeira e segunda ondas feministas, do outro lado as feministas do bloco socialista e dos países não-alinhados na América Latina, África e Ásia tinham preocupações absolutamente distintas (BONFIGLIOLI, 2016;GHODSEE, 2010;LENINE;ONCAMPO, 2020). Essas diferenças denotavam as várias trajetórias, vez que no segundo e terceiro mundos as preocupações se centravam em questões de desenvolvimento, violência contra a mulher, saúde, Apartheid, entre outros.…”
Section: Pluralizando a Narrativa Dos Feminismosunclassified
See 1 more Smart Citation
“…Um escrutínio desses documentos evidencia as diferenças marcantes entre feministas do primeiro, segundo e terceiro mundo nos anos da Década da Mulher: se de um lado as americanas e européias ocidentais advogavam por agendas informadas pelos resultados da primeira e segunda ondas feministas, do outro lado as feministas do bloco socialista e dos países não-alinhados na América Latina, África e Ásia tinham preocupações absolutamente distintas (BONFIGLIOLI, 2016;GHODSEE, 2010;LENINE;ONCAMPO, 2020). Essas diferenças denotavam as várias trajetórias, vez que no segundo e terceiro mundos as preocupações se centravam em questões de desenvolvimento, violência contra a mulher, saúde, Apartheid, entre outros.…”
Section: Pluralizando a Narrativa Dos Feminismosunclassified
“…O gênero como conceito é utilizado para compreender as intricadas estruturas sociais que posicionaram as mulheres africanas em lugares desfavoráveis na empreitada colonial (OSSOME, 2020), mas uma das principais questões sobre seu uso como ferramenta analítica recai sobre a necessidade de se questionarem os discursos ocidentais sobre as múltiplas realidades africanas, nomeadamente os discursos estereotipados e discriminatórios de matriz colonial (TAIWO, 2003). Ao mesmo tempo, como tal era se estende, na cronologia dos eventos históricos, até as lutas pela independência, a interação dos feminismos africanos com outros feminismos (os de matriz euro-americana, mas também os do segundo e terceiro mundos durante a Guerra Fria) tornou-se inevitável (BONFIGLIOLI, 2016;GHODSEE, 2010;LENINE;ONCAMPO, 2020). Resulta dessas interações a pluralidade de demandas das mulheres africanas, que envolvem desde questões materiais socioeconômicas, até a resistência anticolonial e a recuperação da agência política.…”
Section: O Mosaico Analítico Das Eras Feministas Africanasunclassified
“…Suas expressões mais emblemáticas no contexto global foram as Conferências Mundiais da Mulher realizadas em 1975 (Cidade do México), 1980 (Copenhague), 1985 (Nairóbi) e 1995 (Pequim), que congregaram mulheres e ativistas feministas em espaços de debate e construção conjunta de agendas políticas, econômicas, sociais e culturais 57 . As africanas participaram ativamente deste momento, estando ao lado de suas irmãs do Sul Global por perceberem pontos de convergência em suas demandas: se de um lado as feministas europeias e norte-americanas preocupavam-se sobremaneira com questões de autonomia e liberdade, do outro estavam as feministas dos países comunistas e do Sul Global discutindo desigualdades socioeconômicas, violências contra as mulheres, conflitos, racismo e descolonização 58 . Embora essas agendas tenham prevalecido nas três primeiras conferências supracitadas -a despeito das resistências ocidentais -, nota-se, a partir de Pequim, uma orientação do feminismo internacional mais próxima ao feminismo ocidental 59 .…”
Section: Feminismos Africanos: Debates E Tensões Epistemológicasunclassified
“…Suas demandas de natureza socioeconômica e o reconhecimento dos papéis específicos das mulheres africanas em suas sociedades chocavam com os ideais de autonomia e liberdade individuais apregoados pelo feminismo ocidental. Não por acaso, os alinhamentos das feministas africanas estiveram, nesse período, mais próximos dos feminismos latino-americanos, asiáticos e do antigo mundo comunista (GHODSEE, 2010;LENINE;ONCAMPO, 2020), visto que, nessas regiões as questões de desenvolvimento e reconhecimento de funções sociais alternativas das mulheres eram fundamentais não só para os movimentos feministas autóctones, como também para sua própria teorização (MEDIE, 2019;OSSOME, 2020). É dessa percepção de necessidades e constituições sociais distintas que emergem os feminismos africanos, inserindo-se pari passu aos debates mais amplos dos feminismos pós-coloniais e decoloniais tão característicos do Sul Global (MENDOZA, 2018;MOHANTY, 2003).…”
Section: Introductionunclassified