“…O gênero como conceito é utilizado para compreender as intricadas estruturas sociais que posicionaram as mulheres africanas em lugares desfavoráveis na empreitada colonial (OSSOME, 2020), mas uma das principais questões sobre seu uso como ferramenta analítica recai sobre a necessidade de se questionarem os discursos ocidentais sobre as múltiplas realidades africanas, nomeadamente os discursos estereotipados e discriminatórios de matriz colonial (TAIWO, 2003). Ao mesmo tempo, como tal era se estende, na cronologia dos eventos históricos, até as lutas pela independência, a interação dos feminismos africanos com outros feminismos (os de matriz euro-americana, mas também os do segundo e terceiro mundos durante a Guerra Fria) tornou-se inevitável (BONFIGLIOLI, 2016;GHODSEE, 2010;LENINE;ONCAMPO, 2020). Resulta dessas interações a pluralidade de demandas das mulheres africanas, que envolvem desde questões materiais socioeconômicas, até a resistência anticolonial e a recuperação da agência política.…”