Redes sociais sobre Transtorno do Espectro Autista no Facebook como suporte interpessoal: implicações nos processos de governança em saúde

Abstract

A formação de Redes Sociais Virtuais (RSVs) em comunidades como o Facebook tornou-se um importante instrumento de busca por socialização e informação. Este artigo apresenta dados sobre fontes de informação utilizadas por responsáveis de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e como essas interferem na percepção de suporte interpessoal e nos processos de governança em saúde. No estudo quantitativo, participaram 90 membros das três maiores RSVs sobre TEA. Para a coleta de dados foi utilizado questionário semiestruturado, cujas respostas foram quantificadas para melhor visualização. Os resultados demonstraram que a participação nessas redes é a principal fonte de informação para metade dos participantes, especialmente para a parcela da população com menor renda; 70/90 voluntários informaram se sentir amparados pelos parceiros de RSV e 63/90 se sentem desamparados pela sociedade em geral. Este fenômeno pode ser explicado pela formação de laços sociais marcados pela reciprocidade de situações vividas.

Internet e Relacionamentos Interpessoais

“…Outros estudos corroboraram a utilidade da internet, seja por facilitar a comunicação entre as pessoas (Laghi et al, 2013), por facilitar o acesso a informações sobre a rede de amigos (Courtois et al, 2012;Reich et al, 2012) ou mesmo por promover um senso de comunidade e pertencimento em seus usuários (Fortim, 2006;Obst & Stafurik, 2010;Prychodco & Bittencourt, 2019;Sessions, 2010). Como afirmou Nicolaci-da-Costa (2005): "[a internet] foi percebida como um fator de ruptura com as formas tradicionais de trabalharmos, vivermos, nos relacionarmos uns com os outros e muito mais" (p. 50).…”

“…Como afirmou Nicolaci-da-Costa (2005): "[a internet] foi percebida como um fator de ruptura com as formas tradicionais de trabalharmos, vivermos, nos relacionarmos uns com os outros e muito mais" (p. 50). Desse modo, a internet, com sua capacidade quase infinita de buscar informações e conectar pessoas por seus interesses em comum, ofere-ce a opção de indivíduos com alguma situação específica, como uma doença crônica (Obst & Stafurik, 2010), ser cuidador de pessoas que exigem cuidados especiais (Prychodco & Bittencourt, 2019), ou ter um hobby (Fortim, 2006;Utz et al, 2012), formarem comunidades e grupos de apoio, oferecendo-se mutuamente suporte emocional e informacional (por meio do compartilhamento de informações), similar ao relatado por Dana (2020), Harkin et al (2020) e Matos- .…”

“…diano, diversos estudos buscaram identificar os possíveis efeitos da internet para a saúde mental e a qualidade dos relacionamentos interpessoais dos indivíduos (Cai et al, 2020;Fonsêca et al, 2018;Hill & Zheng, 2018;Morgan et al, 2017). Vários estudos indicam a internet como um espaço que facilita o estabelecimento de novas amizades e a obtenção de apoio social, justamente por permitir a conexão entre pessoas com interesses ou condições em comum (Fortim, 2006;Obst & Stafurik, 2010;Prychodco & Bittencourt, 2019;Wang & Chang, 2010). Por outro lado, pesquisas também apontam que a internet pode contribuir para a geração de conflitos devido a suas características, como, por exemplo, possibilitar acesso a informações pessoais e oferecer sistemas de ranqueamento de amigos (Tokunaga, 2011;Vaterlaus et al, 2016).…”

Confinamento domiciliar, qualidade de vida e desempenho acadêmico de estudantes de psicologia durante a pandemia do novo coronavírus

“…Entende-se que a internet representa a maior ferramenta para a comunicação, em virtude do fomento à interação e conexão entre as pessoas e os diversos ambientes (Prychodco & Bittencourt, 2019).…”