IntroduçãoA medicalização e instrumentalização do parto, que constituíram a característica marcante da atenção obstétrica do século XX no mundo ocidental, fazem parte da institucionalização do poder médico que, no corpo feminino, atuou fundamentalmente normatizando a reprodução 1 . Deste modo, mais recentemente, a mudança do local de ocorrência do parto e a participação, cada vez mais atuante, dos profissionais de saúde caracterizam de forma marcante a experiência do parto. Provavelmente a razão principal para a ocorrência destas mudanças foi a alta mortalidade materna e perinatal 1,2 . Sem dúvida, um dos principais benefícios dela resultante foi a melhora destes resultados. À medida que determinadas técnicas e procedimentos foram sendo incorporados, a mortalidade de mulheres e recém-nascidos caiu significativamente e hoje, em países desenvolvidos, a morte materna é rara e incomum [3][4][5][6] . A atenção que se concentrava no parto estendeu-se ao período anterior ao nascimento, ini-26 (7): 517 -525, 2004 RBGO