Neste texto, apresentamos uma pesquisa narrativa realizada com crianças com deficiência, na qual tivemos como objetivo investigar os sentidos que essas crianças atribuem as suas vivências escolares no contexto do ensino remoto emergencial e, a partir de seus dizeres, tensionar os desafios que se colocam para o processo de escolarização desses alunos em meio ao cenário pandêmico. Com esse propósito, foram recolhidas narrativas de cinco crianças com 9 e 10 anos (Inácio, Fidel, Rosa, Leon e Natalia), as quais nos permitiram uma análise sobre a forma como vivenciaram o ensino remoto (tédio, esperança, saudade, medo), e as repercussões que sentiram com as mudanças geradas por essa situação. As suas narrativas revelam que os familiares passaram a ter um papel preponderante no acompanhamento de suas vidas escolares: apoio na realização das atividades realizadas em casa, contato com a escola e professores para retirar e devolver essas atividades na instituição escola. O fato de as preocupações centrais das escolas se focarem nas aprendizagens, fez com que estas crianças passassem a ser acompanhadas individualmente pelos professores de Educação Especial, aumentando, dessa forma, a segregação de que estas crianças são vítimas, ficando evidenciada a importância de se acautelarem processos que, ao exigirem o uso de tecnologias, não prescindam da garantia de formas de socialização alternativas.